Preços do açúcar devem subir a partir da decisão da OMC
Os preços no mercado internacional devem subir após a implementação das medidas pela União Européia
De acordo com Pedro Camargo Neto, um dos responsáveis pelos processos movidos pelo Brasil na OMC contra subsídios ao açúcar e ao algodão, os preços no mercado internacional devem subir após a implementação das medidas pela União Européia. "Devem subir, pois não sofrerão a concorrência. Agora é mercado, custos de produção, eficiência econômica. Chega de artificialismo", salientou ele.
Marcos Jank, presidente do Icone (Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais), classificou a decisão como uma "grande vitória". "Caiu o último bastião da política de subsídios europeus. O Brasil contribuiu com isso, o mundo vai ganhar, o Brasil vai ganhar", disse ele, acrescentando que a medida da OMC deve pressionar os países ricos a reformar o seu sistema.
O especialista afirmou que agora a UE não poderá mais comprar açúcar de suas ex-colônias na África e no Caribe, a preços altos, e "reexportá-lo pela metade do preço", deprimindo o mercado. "Se comprarem, vão ter de consumir internamente. Se forem reexportar, seria pelo mesmo preço, o que é impossível."
Jank destacou que a decisão também deve acabar com política de garantia de preços internos. "Nesse caso, os preços hoje ficam tão altos, que eles conseguem exportar a valores mais baixos."
De acordo com Camargo Neto, a condenação obriga a UE a alterar seu regime açucareiro e "reforça a jurisprudência de que políticas de apoio interno podem ser também consideradas de subsídio a exportação". Questionado se os países ricos ficarão agora mais pressionados nas negociações da Rodada de Doha, ele respondeu: "Depende da postura do Brasil liderando o G-20 (grupo que reúne países em desenvolvimento). A vitória pode e deve ser aproveitada. Porém, vamos aguardar."