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Preços do feijão carioca no varejo recuam muito lentamente


O nível de preços do feijão carioca no mercado varejista está em torno de 80% acima do mesmo período do ano passado em São Paulo/SP, segundo os levantamentos do DIEESE. Do início da colheita da 1ª safra no mês de novembro até este momento, em média, os preços nos supermercados neste município recuaram apenas 2,8%. Neste mesmo período do ano passado, o índice de queda dos preços no varejo como reflexo do aumento das ofertas de feijão nas regiões produtoras já havia alcançado 35% em São Paulo/SP.

As últimas informações de safra indicam que o volume de produção na região Sul pode ter alcançado 659,1 mil ton neste ano, cerca de apenas 6% abaixo do ano passado. Sem dúvida, o atraso significativo da colheita nos Estados do Paraná e Rio Grande do Sul, assim como a perda acentuada da qualidade do grão neste ano, foram motivos bem mais fortes para a alta dos preços no varejo do que a queda do volume produzido nestas regiões, o qual se manteve dentro da média histórica para a região.

Soma-se a isto, a sobrevalorização cambial, que indiretamente tem provocado ações especulativas tanto no atacado quanto no varejo, já que as importações de feijão normalmente ocorrem apenas no 2° semestre de cada ano com a entrada da safra Argentina.

Com o início mais acentuado das ofertas de feijão da região Centro-Oeste e Sudeste, em especial de Goiás e Minas Gerais, os preços do feijão carioca no atacado de São Paulo voltaram aos níveis do início de dezembro/2002, atingindo nesta semana R$ 117,0/sc para o produto extra. Percebe-se que a margem de alta dos preços do varejo sobre o atacado é de 26% atualmente, praticamente o mesmo índice registrado neste mesmo período do ano passado, quando o feijão extra estava cotado a R$ 64,00/sc no atacado de São Paulo e a R$ 1,36/kg no varejo.

A partir deste mês de fevereiro, estima-se que o volume de feijão oriundo das regiões mais centrais do Brasil possa alcançar até 320 mil ton, basicamente da variedade carioca. Apesar deste montante ser praticamente a metade da produção ofertada pela região Sul, a oferta do tipo carioca a partir deste mês é proporcionalmente tão grande quanto nos últimos meses, já que a produção de Estados como Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina tem grande participação do feijão tipo preto.

Tecnicamente, a tendência de queda nos preços do carioca permanece. Mas acreditamos que as cotações do feijão carioca recuarão enquanto permanecer a disposição dos produtores de Goiás e Minas Gerais em ofertar produto de melhor qualidade, com umidade inferior e a preços mais baixos do que nas últimas semanas. Isto quer dizer, que qualquer ação especulativa por parte dos produtores destas regiões pode dar nova sustentação aos preços do carioca no atacado e conseqüentemente no varejo.

Após pelo menos 03 meses de escassa oferta de feijão com qualidade superior, parece certo prever que a demanda por feijão novo e de boa qualidade continuará alta no mercado atacadista.

Por isso, os preços de agora em diante poderão estar muito mais sensíveis ao fluxo diário de oferta/demanda no mercado. Se não houver um aumento significativo na 2ª safra nacional, colhida a partir de maio, são grandes as chances de que o consumidor brasileiro continuará pagando valores muito mais altos pelo feijão nos supermercados do que no ano passado, principalmente durante a entressafra no 2° semestre.

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