Produtores e cooperativas deverão começar em breve a despejar no mercado boas quantidades de milho, com o objetivo de abrir espaço nos silos para a colheita de verão. O movimento, aliado às fracas exportações, deverá manter os preços deprimidos em plena entressafra, disseram analistas e produtores.
"Em janeiro e fevereiro, os produtores terão de limpar os armazéns para a entrada da produção da safra 2004/05", disse o superintendente comercial da Coamo, maior cooperativa do país, Roberto Petrauskas.
"O preço do milho está atingindo o fundo do poço. Enquanto o vendedor continuar forçando a venda para se livrar dos estoques, as cotações devem cair mais", afirmou o analista da Safras & Mercado, Paulo Molinari. "A saca deveria estar custando US$ 7 na entressafra. Mas vale US$ 5 nas melho-res praças. Em algumas regiões, como em Mato Grosso, a saca sai por US$ 3. Esse valor é o mais baixo desde 1988".
Para os analistas, falta um canal de exportação para equilibrar os preços internos. No fim do ano passado e início deste ano as exportações de milho brasileiras foram intensas, devido às quebras de produção no hemisfério norte. O movimento ajudou a escoar o excesso de produção e garantiu bom preço ao produtor.
Mas este ano, tanto Europa como Estados Unidos colheram ótimas safras, derrubando os preços internacionais. Além disso, o real se valoriza em relação ao dólar. A renda em reais para o produtor está em queda porque as exportações estão praticamente paralisadas, disse Vera Zardo, engenheira agrônoma do Deral (Departamento de Economia Rural do Paraná). Os poucos embarques das últimas semanas referem-se a contratos antigos. Não há novos negócios, segundo Vera Zardo.