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Preços do trigo sobem mais na Argentina

A alta dos preços do trigo na Argentina ainda não se refletiu no mercado brasileiro


A alta dos preços do trigo na Argentina ainda não se refletiu no mercado brasileiro. Enquanto na Argentina a cotação do grão subiu 6,2% desde a imposição do embargo às exportações de grão e farinha, dia 8 de março - suspenso parcialmente na semana passada - no Brasil aumentou apenas 2,1%. Na ocasião, o governo argentino suspendeu a exportação tanto do cereal quanto da farinha. Mas na semana passada liberou a venda do produto processado.

A valorização da moeda brasileira, que ameniza o repasse através da paridade de importação, e o abastecimento dos moinhos explicam este movimento diferenciado nas cotações. "Dentro deste contexto o mercado doméstico segue travado, no entanto, o viés é de alta", diz Élcio Bento, analista da Safras & Mercado. Mesmo assim, poucos triticultores ganharão. Isto porque cerca de 80% da produção do Paraná já foi comercializada e quase 70% da safra do Rio Grande do Sul.

Desde outubro, quando a tarifa para o trigo em grão e a farinha argentina ficou 10% mais favorável ao produto beneficiado que os moinhos brasileiros têm realizado importações, que culminaram com o atual índice de abastecimento. A estimativa é que apenas em maio os moinhos voltem ao mercado.

Apesar das importações já programadas, Bento projeta que o Brasil precisará comprar de terceiros países que não os do Mercosul. Números levantados pela consultoria revelam que até o final de fevereiro o total vendido pela Argentina era de 5 milhões de toneladas, das quais, apenas 2,5 milhões teriam ingressado no Brasil. Das 4 milhões de toneladas disponíveis para venda no país vizinho, a perspectiva é de que 75% (3 milhões de toneladas) ingressem no mercado brasileiro. Isso dá um total de 5,5 milhões de toneladas a serem importadas da Argentina. O consumo estimado do cereal neste ano é de 10,2 milhões de toneladas. Com o total disponível na Argentina, mais a produção interna, faltariam ainda 2,45 milhões de toneladas para fechar a conta. Subtraindo, o total estimado para compra de farinha, de 750 mil toneladas equivalente grão, o déficit é de 1,7 milhão de toneladas. "Este é o número que teria que vir de outros destinos além da Argentina, podendo ser suprido pelo Paraguai e Uruguai", diz. Mas, em sua avaliação ainda faltariam 700 mil toneladas de terceiros países. A indústria pede a redução da Tarifa Externa Comum (TEC) para comprar destes outros fornecedores.

Segundo Bento, serviu para os argentinos verem que havia margem para aumentar os preços. Mas, apesar disso, o trigo daquele país segue competitivo: US$ 256,70 a tonelada nos moinhos brasileiros. Seu concorrente, o cereal dos Estados Unidos, entra no Brasil a US$ 291,75 a tonelada. Se a TEC fosse retirada, o produto norte-americano chegaria nos mesmos patamares que o argentino no Nordeste do Brasil.

Safra

Segundo levantamento da Safras & Mercado, no Paraná o plantio já começou em uma pequena área do Norte do estado. A consultoria projeta que o estado deve plantar quase um milhão de hectares, que resultariam em uma colheita de 2,45 milhões de toneladas.

Para todo o Brasil, a consultoria estima que a produção passe de 2,25 milhões de toneladas para 4,46 milhões de toneladas, voltando aos patamares de dois anos.

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