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Preços mais altos deslancham venda da safra nova de soja

As vendas não se desenrolavam tão bem como agora há duas temporadas


Reuters - A comercialização antecipada da safra de soja 2006/07 deslanchou no Brasil neste final de ano, em meio a preços firmes e a um cenário de valores sustentados, com vendedores aproveitando as cotações favoráveis e compradores participando bem do mercado, temendo valores eventualmente mais altos no futuro.

As vendas não se desenrolavam bem como agora há pelo menos duas temporadas, disseram analistas e corretores, lembrando que na safra 2004/05 os compradores estavam ressabiados após muitos produtores não cumprirem contratos feitos antes de uma alta de preços, e que em 2005/06 os preços nesta época não eram atrativos para os vendedores.

"Foi uma conjugação de dois fatores: um bom momento nos últimos 60 dias, que estimulou produtores. E, ao contrário do ano retrasado, as empresas vieram agressivas para fazer operações", disse por telefone o analista da Agência Rural Seneri Paludo, em Cuiabá, capital do Mato Grosso, o maior produtor brasileiro de soja.

A Agência Rural estimou no início desta semana que a comercialização antecipada da safra brasileira, cujo plantio ainda não terminou em algumas regiões, já "retirou" do mercado 40 por cento da produção estimada em cerca de 56 milhões de toneladas.

No Mato Grosso, que está puxando essas vendas, o índice chegou a 61 por cento, segundo a consultoria. "O cenário é altista, e o mercado tentou antecipar possíveis casos de alta. Muitas empresas tentaram se antecipar para não serem pegas no contrapé em futuro próximo".

Dados da corretora Labhoro, no Paraná, também indicam que a comercialização da safra está mais adiantada este ano, mas calcula um percentual menor de vendas já realizadas (33 por cento), em relação a uma estimativa de safra de 57 milhões de toneladas. "Está acima do ano passado, muitos produtores de Mato Grosso fixaram, aproveitando os preços", disse Andrea Cordeiro, da Labhoro.

O gerente técnico e econômico da Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná), Flávio Turra, disse que o plantio da safra 2006/07 "está sendo finalizado de forma boa tanto na questão climática como na área de preços". Segundo ele, até a comercialização de milho, um segmento sem muita tradição para vendas antecipadas, está sendo realizada com mais força neste ano. "O pessoal está considerando que os preços estão bons e está negociando", disse Turra, lembrando que a recomendação é realizar negócios de maneira escalonada, para a obtenção de uma boa média no final da safra.

"Ele não pode querer acertar na mosca e deixar a oportunidade passar", acrescentou Turra, observando que outra recomendação ao agricultor é de não vender toda a expectativa de colheita, até para o caso de haver alguma adversidade climática e eventualmente faltar produto para cumprir o contrato.

"O risco é sempre de que o preço caia e não de que suba. O produtor não tem risco de alta. Os dois últimos anos foram uma lição para o produtor", comentou Paludo, lembrando que a maior parte do volume foi comercializado a valores que, pelo menos, já garantiram a remuneração ao produtor.

Segundo uma fonte do mercado, tem havido uma forte disputa entre indústrias e tradings pela soja precoce, colhida já em janeiro. "Há disputa por algumas posições específicas, principalmente da parte da indústria do Brasil, que precisa de matéria-prima para rodar a fábrica".

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