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Prejuízo dos arrozeiros soma R$ 24,2 milhões em duas safras

Hoje os valores praticados no RS são menores que o preço mínimo do governo


Os últimos dois anos de preços abaixo do custo de produção causaram aos produtores de arroz um prejuízo de cerca de R$ 24,2 milhões, retirados dos ganhos obtidos nas duas safras anteriores. Com isso, muitos arrozeiros estão deixando a atividade e a previsão é que, mesmo neste ano - em que a colheita é menor que o consumo - as cotações continuem em baixa. Considerando os preços médios e a colheita, nas safras 2002/03 e 2003/04, a comercialização do arroz rendeu R$ 217 milhões, enquanto nas duas seguintes a soma foi negativa em R$ 241,3 milhões.

Agora, em plena entressafra, os valores praticados no Rio Grande do Sul - maior produtor nacional - são menores que o preço mínimo de garantia do governo - R$ 21,50 ante R$ 22 a saca (50 quilos). Para analistas de mercado e representantes da cadeia produtiva, o excedente de produção na safra 2004/05 - cerca de 300 mil toneladas além do consumo - e a entrada do cereal do Mercosul têm deprimido as cotações.

Segundo o presidente da Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Valter Pötter, o produto dos países vizinhos entra a R$ 18 a saca. No ano passado foram 886 mil toneladas, sendo 119,1 mil toneladas apenas em dezembro. Desde outubro que as cotações do cereal estão em queda, acumulando variação de 14%. Naquele mês o produto era vendido a R$ 25,02 a saca.

O produtor Mauro Garcia dos Santos, de Dom Pedrito (RS) foi um dos orizicultores gaúchos que abandonaram a cultura, depois de 16 anos na atividade. "Perdi tudo o que juntou uma vida inteira", resume. Santos afirma que nos últimos anos comercializou o cereal a valores inferiores aos custos e ao preço mínimo de garantia. "Não tem como trabalhar para sustentar um plano de governo", avalia - referindo-se ao fato de o cereal ficar a preços baixos para a população.

"O problema do setor é o endividamento", avalia Tiago Barata, analista da Safras & Mercado. O presidente da Federarroz acrescenta que, diante deste quadro, os produtores ficam sem capacidade de pagamento e acabam tendo de vender, mesmo que a preços aviltados.

Para reduzir a pressão da safra o governo anunciou a liberação de R$ 700 milhões para a compra de estoque e também para empréstimos voltados à armazenagem do grão ou contratos de opção que seriam suficientes para a retirada de 1,65 milhão de toneladas.

José Maria dos Anjos, diretor do Departamento de Comercialização e Abastecimento Agrícola e Pecuário do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, diz que os recursos devem estar disponíveis já no próximo mês, mas que o governo ainda não definiu como seriam as operações de opções. Os produtores pedem contratos com vencimento em maio a R$ 27 a saca - o equivalente ao custo de produção. Segundo ele, o anúncio deu uma sinalização ao mercado.

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