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Prejuízo na safrinha vai refletir em outras cadeias

Algumas medidas podem atenuar os impactos na lavoura e para os animais


Foto: Divulgação

A falta de chuva, o veranico severo entre abril e junho e as geadas do início de julho comprometeram diretamente a produtividade da safrinha de milho deste ano. Segundo a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), no mercado brasileiro haverá a redução da produtividade. 

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a colheita da segunda safra do grão deve chegar a 66,97 milhões de toneladas, queda de 10,8% se comparada com o período anterior. Somente no Paraná, segundo maior produtor, a quebra está prevista em 53% se não houverem mais fenômenos climáticos. No Mato Grosso, maior produtor, projeta-se uma produção estimada em 69,9 milhões de toneladas, redução de 6,8% em relação à safrinha anterior. 

Este cenário pode acarretar a falta de milho e até gerar um possível desabastecimento nas indústrias de ração para animais e, consequentemente, a elevação dos preços dos alimentos. As consequências dos custos altos refletem também para o mercado consumidor, encarecendo o mercado de leite, ovos e carnes bovinas, suínas e frango, já que a alimentação animal, que depende do milho na produção, está onerando todo o processo”, explica o agrônomo e mestre em fertilidade do solo, Saulo Brockes.

A zootecnista Carolinne Mota, especialista em nutrição animal da Nutroeste, explica que o ano safra 20/21 foi muito atípico. Choveu muito na colheita da soja (atrasando a colheita) e quando foi a época de enchimento dos grãos de milho safrinha parou de chover. “Muitos agricultores desistiram de plantar a safrinha, muitos optaram por plantar pasto para aproveitar a pouca umidade e ainda fazer um ciclo de pecuária, mas mesmo assim muitas sementes nem chegaram a nascer”, pontua.

Ela avalia que a situação nas regiões Centro-Oeste e Norte goiano podem ser consideradas catastróficas, já as poucas lavouras de milho que se salvaram no Sul e Sudeste agora sofrem com geadas e baixas temperaturas previstas para essa semana. “Acredito que a falta de milho neste ano é fato. Além das condições climáticas desafiadoras, a questão do câmbio estar atrativo para exportações, ainda não podemos prever os valores em longo prazo já que a safra dos EUA começou a ser plantada há aproximadamente 40 dias. Só depois da safra americana finalizar é que saberemos como funcionará o preço da commodity no mercado interno”, diz.

Mas a especialista assegura que o impacto vai do campo á mesa do consumidor, já que o milho participa da produção de todas as proteínas de origem animal. Além disso, o grão também está diretamente ligado aos preços do etanol. “Isso significava que o milho tem contribuição no preço do café da manhã, do almoço e do jantar. Seja de forma direta ou indireta, a produção do cereal faz parte da economia e da subsistência brasileira”, enfatiza Carolinne.

Manejos que auxiliam na produção

Suplementar bovinos na seca pode ser muito fácil, desde que tenha pasto com volume (mesmo que esteja seco) e água potável para o consumo dos animais. “Normalmente a suplementação mineral aditivada ou proteinado de baixo consumo resolvem e minimizam as percas de peso e até tem ganhos satisfatórios. O interessante é que esses produtos não dependem muito do milho e sim de farelos proteicos como o farelo de soja e algodão”, explica a zootecnista.

Se o produtor não se preparou e tem um volume insatisfatório de pastagem, vai ter que recorrer a proteinados de alto consumo ou até mesmo ração para substituir mesmo que parcialmente o consumo de matéria seca necessária para sobrevivência e produção animal. “A utilização de produtos a base de casca de soja, torta de algodão, milheto, sorgo, podem ajudar nesse momento”, orienta a especialista.

Já na agricultura, o produtores que se planejaram e fizeram um manejo adequado sentiram menos os impactos do clima. Como o caso do produtor de Hidrolândia Fábio de Melo que utilizou práticas sustentáveis antes do cultivo e notou uma consequência menor comparado a outros. “No nosso manejo optamos pelos remineralizadores de solo e os pós de rochas silicáticas. Quando a seca veio e depois a geada, foi visível a resistência da planta ao clima adverso”, conta ele.

Brockes explica que essas práticas condicionam e melhoram o perfil produtivo do solo, melhorando a sanidade do sistema como um todo, além de promoverem maior resistência da planta. “O silício presente nos remineralizadores e pós de rochas podem atuar como controle e proteção ao estresse hídrico, além de atuar no controle cultural de pragas e doenças”, acrescenta o mestre em fertilidade do solo.
 
 

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