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Prêmio de Ciência de Trieste Ernesto Illy consagra estudo brasileiro

José Goldemberg, professor da USP, recebe US$ 100 mil por estudo sobre energia renovável


José Goldemberg, professor da USP, recebe US$ 100 mil por estudo sobre energia renovável

José Goldemberg, reconhecido especialista em energia, que ajudou a lançar as fundações científicas para o programa brasileiro de biocombustíveis, é o vencedor do Prêmio de Ciência de Trieste Ernesto Illy. Goldemberg recebeu o prêmio, nesta terça-feira, em Hyderabad (Índia), das mãos do primeiro-ministro indiano Manmohan Singh.

O professor da Universidade de São Paulo (USP), que se tornou um dos principais defensores de novas tecnologias para promover o desenvolvimento sustentável, receberá US$ 100 mil em reconhecimento as suas pesquisas no campo da energia renovável.

“Esse prêmio concede uma satisfação muito grande. É um reconhecimento sério, que vem de cientistas que partilham e identificam o real valor da pesquisa, sem qualquer interesse político”, disse Goldemberg.

O Prêmio de Ciência de Trieste Ernesto Illy é concedido, anualmente, a pesquisadores de países em desenvolvimento, por suas significativas contribuições à ciência, e tem o apoio da illycaffè, TWAS e Fundação Ernesto Illy.

Em um artigo publicado na revista Science, em 1978, Goldemberg e seus colegas apresentaram uma série de evidências científicas, que demonstram que os biocombustíveis, derivados da cana-de-açúcar, poderiam reduzir o uso de combustíveis fosseis no Brasil, enquanto seriam menos prejudiciais ao meio ambiente.

“Na época”, lembra Goldemberg, “os esforços para desenvolver biocombustíveis no Brasil foi, em grande parte, justificada pela segurança energética. Nossa pesquisa demonstrou que a produção de biocombustíveis não somente reduziria o uso e a dependência do combustível fóssil, como também ajudaria a reduzir a poluição do ar e as emissões de gases do efeito estufa”.

Pesquisas e resultados: de 1970 até hoje

As descobertas de Goldemberg encorajaram os esforços do governo brasileiro, que havia lançado um programa de biocombustíveis, em 1975, em resposta à crise internacional do petróleo. No início dos anos 1970, o principal objetivo do governo era superar possíveis rupturas de abastecimento externo, por meio do desenvolvimento de fontes domésticas de combustível.

Ao verificar o positivo equilíbrio fornecido pela energia dos biocombustíveis, levando em consideração o benefício ambiental e o potencial energético, Goldemberg reforçou o apoio ao programa brasileiro de biocombustíveis, ajudando a garantir sua viabilidade a longo prazo.

Hoje, o Brasil produz 30 bilhões de litros de etanol de cana-de-açúcar por ano, que substitui 50% do petróleo consumido no país. A produção do etanol e sua distribuição geram US$ 30 bilhões por ano em receita (cerca de 5% PIB brasileiro) e são responsáveis por um milhão de empregos no país. Os biocombustíveis já representam cerca de 10% do consumo de energia primária.

Goldemberg dedicou anos de sua vida em prol da investigação científica e da política, ao mesmo tempo em que sempre foi um fervoroso defensor de energias renováveis. Para ele, ao apoiar fontes de energia deste tipo, países em desenvolvimento podem superar a dependência do combustível fóssil e traçar um caminho mais viável ao desenvolvimento sustentável.

“O etanol de cana-de-açúcar é energia solar líquida”

José Goldemberg

Nos últimos anos, Goldemberg liderou as discussões científicas sobre o potencial impacto dos biocombustíveis na segurança alimentar e florestal, abordando o uso de terra ‘adicionais’ para a produção de combustíveis renováveis, sem que isso prejudicasse a agricultura. Seus estudos têm revelado a demanda por terra para produzir biocombustíveis na próxima década, estimada em 4% do total de 1,5 milhões de hectares disponíveis em escala global.

“Em um mundo cada vez mais preocupado com o futuro abastecimento de energia e com o aquecimento global, o contínuo desenvolvimento de biocombustíveis provavelmente irá se revelar um ingrediente essencial ao crescimento econômico sustentável”, afirma Goldemberg.

José Goldemberg – Formado físico pela Universidade de São Paulo (USP), Goldemberg cursou pós-graduação no Canadá e nos Estados Unidos antes de retornar a sua terra natal, em meados de 1950, onde conquistou o título de PhD, professor titular e posterior reitor da USP.

No início dos anos 1990, foi Secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Educação. Em 1992, quando era Secretário interino do Meio Ambiente, Goldemberg foi um dos representantes da ‘Cúpula da Terra’, realizada no Rio de Janeiro. De 2002 a 2006, foi Secretário do Meio Ambiente de São Paulo, o maior produtor nacional de biocombustíveis.

Em 2000, Goldemberg foi nomeado presidente do conselho do ‘Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento’ (PNUD) e principal autor do chamado ‘World Energy Assessment’. Em 2007, ele co-presidiu o painel de estudos do InterAcademy Council (IAC), responsável pelo relatório ‘Lighting the Way: Towards a Sustainable Energy Future’.

Ele esboçou, pela primeira vez, o paradigma sobre o desenvolvimento sustentável no livro: “Energia para um mundo sustentável”, escrito em 1988. A publicação ajudou a redirecionar as discussões sobre a energia e o desenvolvimento econômico, ao convencer líderes políticos do importante papel que a tecnologia poderia desempenhar no fornecimento de energia, ambientalmente adequada, para suprir a crescente demanda por energia nos países em desenvolvimento.

As informações são da assessoria de imprensa da illycaffè.

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