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Preservação dos recursos hídricos é uma responsabilidade de todos

Tema foi debatido durante o III Seminário de Políticas Públicas para Conservação da Água, na última semana, em Chapecó


Ampliação das lavouras, crescimento da utilização de agrotóxicos, expansão urbana desenfreada, degradação das áreas de preservação permanente pelo setor urbano, predomínio de eventos extremos severos e constantes, conceito Lixo Zero. Estes foram os temas debatidos durante o III Seminário de Políticas Públicas para Conservação da Água, na última semana, em Chapecó. A iniciativa da Associação dos Municípios do Oeste de Santa Catarina (AMOSC), juntamente com o Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Econômico Social e Meio Ambiente (CIDEMA) e o Consórcio Intermunicipal de Saúde do Oeste de Santa Catarina (CIS-AMOSC), integrou aproximadamente 300 participantes.

“Os assuntos estão relacionados e mostram que somos responsáveis pela preservação e a conservação dos recursos hídricos. O poder público tem obrigação de aglutinar e difundir políticas públicas de preservação, de conceder incentivos para área urbana e rural e de convencer por meio de ações e informações”, observou o presidente da AMOSC e prefeito de Cordilheira Alta, Alceu Mazzioni.

SUSTENTABILIDADE

“A agricultura moderna precisa ser revista”, afirmou o doutor em Ecologia e Recursos Naturais, Paulo Brack, na palestra “Água biodiversidade e sustentabilidade”. O professor se mostrou contrário à expansão da produção da soja e da monocultura, e criticou a vulnerabilidade do sistema. Brack defendeu que a sustentabilidade depende da diversidade e ressaltou a importância das áreas de preservação permanente (APPs) e as áreas prioritárias.

O palestrante também abordou o desmatamento e as questões relacionadas aos transgênicos que vieram para diminuir a utilização de agrotóxicos. “O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do planeta, deste 2008, conforme a ANVISA, com a utilização de 1 bilhão de litros por ano”, argumentou. Atualmente, os produtos mais contaminados são o pimentão, uva, pepino, morango, couve, abacaxi, mamão e alface.

DESENVOLVIMENTO URBANO

“Temos que parar de pensar que o meio ambiente é um obstáculo para o desenvolvimento” ressaltou o promotor de justiça titular da 9a Promotoria de Justiça de Chapecó (meio ambiente), Marcus Vinício Ribeiro de Camillo, na palestra “Ações Regionais da 9a Promotoria de Justiça de Chapecó: recursos hídricos e meio ambiente”. O palestrante ressaltou que há duas coisas que não se pode confundir, a área de preservação permanente e o espaço não edificante. “Porém, não vejo melhora nessas questões. Atualmente, recebemos até 30 solicitações de parcelamentos de solo por mês, o que mostra que o município está crescendo e é preciso ter um olhar criterioso para não deixar expandir sem planejamento”.

Os loteamentos clandestinos e a regularização fundiária são questões que preocupam o poder judiciário. “Temos uma agenda frequente com o Ministério Público e a Prefeitura de Chapecó e para este ano está prevista a elaboração de um diagnóstico para evitar novas ocupações em áreas irregulares e para melhorar a qualidade de vida da população”, complementou. Camillo enfatizou que o dano ambiental é difuso e não se pode separar o que é de responsabilidade de cada um. Por isso, é necessário trabalhar em um sistema preventivo.

OCORRÊNCIAS AMBIENTAIS

As ocorrências ambientais na microrregião e as ações que impactaram o meio ambiente nos municípios, foram abordadas pelo soldado da Polícia Militar Ambiental Luciano Bergonzi, na palestra “Autuações em áreas de preservação permanente na região da AMOSC”. No período de 2009 a 2012, foram registrados danos em áreas de preservação permanente (APPs) nos municípios de: Pinhalzinho, Águas de Chapecó, Irati, Cordilheira Alta, Nova Itaberaba, Jardinópolis, São Carlos, União do Oeste, Coronel Freitas e Chapecó . “Percebe-se que houve uma inversão no número de ocorrências e de que o homem do campo está mais consciente. A preservação da mata ciliar é um ponto em que não há mais discussão, pois todos estão sensibilizados quanto a isso”, explicou.

Os dados revelam que atualmente o perímetro urbano contribui mais com a destruição das APPS e o setor imobiliário tem elevado os índices. “Se o homem degradar o meio ambiente, de alguma maneira, isso se voltará contra ele. Hoje a implantação de loteamentos e a ampliação de lavouras são os fatores que mais preocupam”, complementou. Para Bergonzi, as possíveis soluções são de sensibilizar a sociedade e os empreendedores, estruturar os órgãos fiscalizadores e licenciadores e preservar as áreas visando sua real importância.

EVENTOS EXTREMOS

Estudos revelam que, nos últimos dez anos, os eventos extremos estão ficando mais severos e constantes, ressaltou o doutor em Ciências Humanas (meio ambiente e sociedade), Hélio dos Santos Silva. De acordo com o palestrante os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, redução dos recursos e uma massiva extinção de espécie. “Sabemos que as nossas políticas públicas estão aquém das nossas necessidades e prioridades”, justificou.

Silva enfatizou que a sociedade tem uma escolha de formar uma aliança global para cuidar do planeta Terra e uns dos outros, ou arriscar a destruição humana e de toda a diversidade. Outras medidas são de reduzir as emissões, mitigar os efeitos das mudanças climáticas e adaptar aos novos cenários. “Haverá mudanças no clima de todo o mundo e há necessidade de traçar planos de prevenção dos riscos para os habitantes de cada localidade. A tendência para Santa Catarina é que os anos fiquem cada vez mais chuvosos”, antecipou.

LIXO ZERO

Responsabilidade compartilhada, logística reversa, os planos de resíduos, o que é lixo e as soluções, foram temas abordados pelo engenheiro sanitarista e ambiental Jean Tavares, na palestra “Gestão de resíduos sólidos: conceito Lixo Zero”.

Segundo Tavares, a forma errada de gerenciar e definir o que é resíduo faz com que muitas pessoas acabem misturando os materiais. “A solução é parar de pensar em descartar e começar a encaminhar. O conceito de Lixo Zero reflete na responsabilidade individual e na separação na fonte de geração. A partir disso aproveita-se praticamente tudo o que é gerado, até mesmo os rejeitos”.

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