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Preservação e plantio com remuneração

Custo da manutenção das reservas legais será pago pelo governo, garantiu ontem o presidente Lula; estudos técnicos estão prontos


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ontem, em Londrina, que os produtores serão remunerados para preservar suas propriedades e para plantar. ''Não se pode chamar de bandido agricultores que na década de 70 foram incentivados a desmatar. A questão ambiental deve ser olhada de forma diferente para cada região e não pode ser a mesma para um Estado que tem a agricultura já pronta'', afirmou durante discurso do lançamento do Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2009/10, na Sociedade Rural do Paraná. Os estudos técnicos nesse sentido estão concluídos. Ele deixou o evento sem conceder entrevista à imprensa.

Para uma platéia de cerca de 1,3 mil produtores rurais, o presidente disse que o Brasil não pode ''apenas proibir'' o desmatamento, mas ao invés de proibir deve usar a ''imaginação e a criatividade''. ''É inexorável que o Brasil é o celeiro do mundo e o mundo está comendo mais'', observou. Ele lembrou que nenhum outro País tem condições de expandir suas fronteiras agrícolas com sol, chuva e tecnologia. ''É correto o desmatamento quando necessário, mas há que se cumprir as regras'', comentou. No entanto, Lula salientou que a preservação ambiental é uma vantagem brasileira para ganhar mercados internacionais.

O ministro da Agricultura Reinhold Stephanes afirmou que o governo busca harmonizar os conceitos da produção e da preservação ambiental. Segundo ele, alguns pontos já estariam acordados como a manutenção das áreas de preservação permanente (matas ciliares em encostas de rios) e locais onde a agricultura já está consolidada. ''O que estamos discutindo é a reserva legal, que nenhum outro país do mundo tem. De quem é a obrigação de manter essas grandes reservas? Essa é em todo o mundo uma responsabilidade dos governos e não do produtor em si'', observou.

Ainda de acordo com Stephanes, se a sociedade quer a preservação ambiental deve pagar por isso ''e não jogar todo esse esforço nas costas do agricultor''. O presidente Lula disse que é duramente cobrado no exterior pela preservação ambiental e que o País chega a ser difamado pelos concorrentes. Ele já havia sido cobrado pelo presidente da Sociedade Rural do Paraná, Alexandre Kireeff, a fazer alterações no atual Código Florestal.

''Os produtores deste País foram capazes de transformar o Brasil no grande celeiro mundial produzindo não apenas alimento, mas também riquezas, emprego e sustentação econômica. Temos certeza de que somos capazes também de produzirmos até mesmo preservação, bastando para isso que tal prática seja, além de ambiental, também economicamente sustentável'', disse Kireeff. Ele lembrou ser necessária ''harmonização presidencial'' para um debate onde já não há mais argumentos, para que seja iniciado um período de preservação com apoio a quem produz e incentivos a quem preserva.

Zoneamento

O presidente Lula disse ainda que o governo está trabalhando no zoneamento agroecológico, que irá definir áreas e período de plantio da cana-de-açúcar e de outras culturas utilizadas para o biodiesel. Este estudo, inclusive, seria para desmistificar as acusações de órgãos internacionais de que a cana, por exemplo, estaria ocupando espaço dos alimentos e da Amazônia. ''O programa de biodiesel foi praticamente uma imposição do nosso governo. Nenhuma empresa petrolífera (multinacionais que atuam no Brasil) tinha interesse nisso e, agora, é importante que eles não metam o dedo sujo de combustível fóssil no nosso combustível limpo'', disse.

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