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Presidente da Ocepar defende que o trigo deve ser protegido

Dirigente diz que cultura mantém propriedade rural


A valorização recente do trigo nacional, com qualidade e preços competitivos tem sido positiva para todos os setores da cadeia, segundo o presidente da OCEPAR (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná), João Paulo Koslovski. A entidade é uma das fortes atuantes no cenário nacional em busca de uma política interna para o trigo nacional.
 
Para ele somente critérios fortes e uma legislação que valorize o triticultor poderá garantir que a retomada dos 35% de área perdidos no Paraná nas últimas duas safras devido a instabilidade do mercado nacional de trigo. Mesmo com a situação atual favorável, é necessário garantir ferramentas para que o produtor siga interessado no trigo, fundamental nas propriedades, principalmente do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
 
Segundo Koslovski, essa política representa segurança alimentar para a população brasileira. “no inverno é a única opção em larga escala para os produtores rurais do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul”, observa. Além disso, ele defende que ela é também uma excelente opção para a economia brasileira, cujos gastos com as importações impactam a balança comercial em US$ 2,0 bilhões ao ano.
 
De outro lado, ele garante que o cultivo do trigo no Brasil movimenta toda uma cadeia produtiva de máquinas, armazéns, insumos agrícolas, mão-de-obra e ajuda na sustentabilidade da cultura de verão, que normalmente é a soja. O plantio do trigo, além de ser uma ótima oportunidade de renda para os produtores das regiões frias no inverno é benéfico para a economia do país e para os consumidores.
 
O trigo é importante para a propriedade rural, segundo o presidente, pois dilui os custos fixos das culturas de verão e reduz o custo de produção em aproximadamente 15%. Além disso, racionaliza a estrutura de armazenamento, viabiliza a rotação de culturas reduzindo a proliferação de plantas invasoras, aumenta renda familiar rural, garante fornecimento de trigo à indústria reduzindo os gastos com importação e aumentando os investimentos internos. “Para citar outros exemplos, a produção de trigo também aumenta a oferta de empregos no complexo produtivo, melhora a renda dos estados e municípios através da movimentação da produção, transporte, industrialização e comercialização e incentiva a produção nacional contribuindo positivamente para a balança nacional”.
 
A valorização do trigo nacional, conforme Koslovski tem relação direta também com a qualidade dos materiais comercializados. “Esta melhoria de qualidade é um processo de longo prazo, desenvolvido pelas empresas de pesquisa, somados aos esforços, inclusive das cooperativas”, observa. Ele explica que a busca por melhores resultados econômicos pelos produtores passa pela escolha de cultivares que se adaptem às características demandadas pela indústria, bem como, por características agronômicas favoráveis em termos de produtividade. “No entanto, o produtor já entendeu que não adianta ter elevadas produtividades de um produto em que o mercado é restrito e dessa forma, estão cultivando materiais que tenham a qualidade demandada pelo próprio mercado”, afirma.
 
A qualidade do trigo nacional é excelente, segundo o presidente e “não deixa a desejar em relação ao produto importado”. Para ele, o que falta a cadeia produtiva do trigo é a segregação da produção, o que poderá ser alcançado num trabalho conjunto entre a pesquisa, cooperativas, produtores, indústria e governo com a regionalização efetiva da produção ainda no campo - cultivando um menor número de cultivares com características qualitativas semelhantes - facilitando a segregação no momento da entrega do trigo nas moegas após a colheita.
 
Koslowski acredita que sem políticas públicas de apoio à produção de trigo nas últimas safras, os produtores estão receosos com o cultivo do cereal. Entretanto, diante das cotações atuais do trigo, apresentando média de US$ 7,8/bushel (1 bushel de trigo = 27,216 kg) na CBOT em janeiro e de R$ 39,9/saca de 60 kg no Paraná no mesmo período, deverá haver aumento de área nas regiões onde não é possível cultivar o milho safrinha. Nas últimas cinco safras, o Brasil reduziu 500 mil hectares de plantio de trigo, uma redução de 21%, passando de 2,39 milhões de hectares em 2008 para 1,89 milhão de hectares no ano passado. Para tentar recuperar parte dessa área, o presidente acredita que se ocorrer uma divulgação de regras em tempo oportuno que garantam recursos para o plantio, seguro rural, regras de comercialização e preço mínimo até o fim de fevereiro, ainda é possível que o Paraná possa recuperar um pouco da área perdida nas últimas safras.

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