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Problemas no escoamento da safra de soja são debatidos em São Paulo


A Coordenadoria de Logística Nacional do Conselho de Logística da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio), em parceria com a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA), realizou, nesta terça-feira (23-03), em São Paulo, o seminário "Crise Anunciada: o escoamento da safra de 2004". O evento contou com a presença de especialistas dos principais setores interessados na cadeia de suprimentos de granéis agrícolas, entre eles, exportadores, operadores de transporte rodoviário, ferroviário, portuário e autoridades governamentais.

Para José Luis Vidal, coordenador de logística nacional da Fecomércio, os segmentos precisam encontrar soluções para diminuir os impactos que a exportação de soja poderão ocasionar. "Queremos encontrar respostas para minimizar os problemas no transporte da soja, um dos principais produtos escoados pelo Brasil. A nossa infra-estrutura não suportará as 56 milhões de toneladas do grão que serão movimentadas em 2004", disse.

Segundo informações da Fecomércio, para atender ao escoamento da soja, o Brasil conta com uma complexa rede de transportes, desde rodovias, ferrovias, portos e até as hidrovias, que começam a adquirir um papel importante na logística nacional.

Luigi Giavina, secretário-executivo da Secretaria de Ciência e Tecnologia de São Paulo defendeu que "ainda contamos com medidas para escoar a safra 2004 e a próxima, porém, a iniciativa privada precisa continuar investindo em logística".

O executivo defendeu que, para um futuro próximo, precisa haver um investimento maior nos transportes rodoviários, ferroviário e hidroviário com direção ao Porto de Santos. "Precisamos otimizar todos os modais para termos condições de viabilizar o escoamento. Temos que reformar trilhos, reestruturar trechos férreos e organizar melhor o complexo portuário santista", completou.

Rogério Nogueira, do Conselho de Logística da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), defendeu que no Brasil ainda ocorre um represamento da logística. "As enormes filas de caminhões que estamos vivenciando no Porto de Paranaguá, por exemplo, gerarão um custo extra que será repassado para as indústrias de alimentos, consideradas os principais absorvedores dos impactos que isso está causando. A ABIA acredita que precisa existir um maior entrosamento entre a indústria e o comércio na busca por alternativas que reduzam os custos", afirmou.

O superintendente de serviços de transportes de carga da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Hilário Leonardo Pereira Filho, acredita que hoje existe uma falta de conectividade para o transporte de produtos. O executivo defendeu um maior aproveitamento do modal ferroviário para o transporte de cargas. "O maior problema das exportações no Estado de São Paulo é o estrangulamento de Santos. Com melhores investimentos nas ferrovias e nos pátios é que começaremos a encontrar soluções para o escoamento da safra", ressaltou. Conforme anunciou Pereira Filho, a ANTT já iniciou os diálogos com o porto santista para ter acesso a todos os fluxos ferroviários (Ferroban, ALL, MRS), o que facilitará a logística.

Bernardo Figueiredo, representante do Ministério dos Transportes, também defendeu que a alternativa para evitar um estrangulamento ainda pior é "aumentar a capacidade ferroviária para suprir os problemas que serão causados pelo aumento do frete rodoviário que também poderá comprometer a produção".

Geraldo Vianna, presidente da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC) lembrou que os gargalos encontrados no escoamento da safra não podem ser atribuídos aos investimentos apenas direcionados ao transporte rodoviário. "O governo não pode esquecer de direcionar recursos igualmente para outros modais. Temos que nos unir e induzirmos uma mudança na matriz de transporte antes que aconteça o apagão logístico. Em 2004, vamos transportar toda a safra de soja, mas não sabemos a que custo e quanto tempo isso demandará", afirmou.

Na visão do Conselho de Logística da Fecomércio, a safra de grãos deste ano deverá causar transtornos em toda a cadeia de abastecimento, como tem ocorrido em anos anteriores, refletindo-se em aumento de custo direto e imediato no transporte rodoviário de carga de forma geral.

"Não só com a soja, mas o próprio escoamento de outros produtos poderá ficar comprometido, uma vez que a infra-estrutura não suportará uma demanda tão grande. Além disso, o estado das estradas ficará ainda pior e os congestionamentos poderão causar atrasos na distribuição da produção nacional em geral", conclui o executivo.

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