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Processo de recuperação da economia não terá longa duração, diz Ipea

Estudo revela ainda que o Sudeste foi a primeira e a mais afetada região a sofrer as consequências da retração do mercado internacional


Brasília - A economia tem dado sinais de reação após o impacto da crise mundial sobre o Brasil e, de acordo com o economista Rodrigo Pereira, técnico do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), a aposta é de que o processo de recuperação demore de oito a 16 meses. Pereira participou do estudo A Difusão Inter-regional da Crise no Brasil e Perspectivas, desenvolvido pelo Ipea e divulgado nessa quinta-feira (13).

“O nosso trabalho mostra que é um processo que vai demorar alguns meses. Nós não temos um número exato. Não será uma coisa de dois ou três meses, mas também não será uma coisa de anos. A gente acredita que é um processo que demore em torno de oito a 16 meses mais ou menos”, disse o economista.

O estudo revela ainda que o Sudeste foi a primeira e a mais afetada região a sofrer as consequências da retração do mercado internacional. No entanto, de acordo com Rodrigo Pereira, a Região Sudeste, pela sua relação intensa com o mercado externo, é a que apresenta também melhores condições de recuperação.

“A crise impactou fortemente a Região Sudeste. Isso se deve, sobretudo, a um maior grau de abertura do sudeste ao mundo em comparação com outras regiões. A magnitude dos impactos são proporcionais ao grau de integração comercial de cada uma das regiões com o sudeste. Regiões mais integradas com o sudeste tendem a ter um impacto inicial maior da crise, mas, ao mesmo tempo, tendem a se recuperar mais rapidamente”, afirmou.

De acordo com o estudo, o Nordeste foi a região que menos sentiu os efeitos da crise. “A indústria da Região Nordeste aparenta sofrer mais flutuações sazonais do que o resto do país. A crise assim não afetou esse padrão”, diz o documento.

O trabalho também mostra que a crise internacional afetou duramente o comércio exterior brasileiro. Nos primeiros sete meses do ano, as exportações alcançaram US$ 84,1 bilhões. O valor representa uma queda de 24,3% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o Brasil exportou US$ 111,1 bilhões, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

As importações tiveram uma queda ainda maior: 30,4%. De janeiro a julho de 2009, o Brasil comprou lá fora US$ 67,2 bilhões. No mesmo período do ano passado, o país importou US$ 96.465 bilhões. A balança comercial apresentou superavit de US$ 16,9 bilhões no acumulado do ano, contra um saldo positivo de US$ 14,6 bilhões no ano passado.

Para o economista Marcelo Piancastelli, também do Ipea, a recuperação do comércio exterior do Brasil está muito ligado ao ritmo de recuperação da China. “É o nosso principal parceiro comercial”, disse.

De acordo com o Ipea, a adoção de políticas anticíclicas tiveram uma importância fundamental para reduzir o impacto da crise no Brasil, e devem continuar nas ações do governo. “O prazo de recuperação vai depender de como o mundo se recupera. Vai depender também da adoção de políticas anticíclicas, que têm sido feita de forma muito eficiente”, afirmou.

O estudo revelou ainda que, diferentemente das crises anteriores, a economia brasileira está mais consistente e tem dado demonstrações de maior resistência às adversidades oriundas do exterior. “A presente crise não gerou crise cambial, não gerou crise fiscal, não gerou desorganização no funcionamento das finanças públicas e não abalou o sistema financeiro”, disse o economista do Ipea.

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