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Procura por seguro rural ainda é baixa em Santa Catarina

Vice-presidente da Faesc diz que custa caro para o produtor contratar o seguro


Santa Catarina enfrenta nos últimos anos as adversidades do clima e cada região vive um dilema. Enquanto no litoral os produtores sofrem com os prejuízos da chuva, no oeste a seca castiga. Boa parte da produção no setor agropecuário se perde, o campo enfraquece e os consumidores pagam preços altos por essas intempéries. Mas o produtor é o maior prejudicado, pois trabalha o ano inteiro para no fim ter pouco resultado. Por isso, uma das saídas é recorrer ao seguro rural para recuperar as perdas na produção.

A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) observa que a procura pelo seguro agrícola ainda é muito limitada. O vice-presidente Nelton Rogério de Souza lembra que até o início de 2011 apenas 10% da área de grãos e culturas permanentes estavam seguradas, representando 6,7 milhões de hectares, mesmo com um acréscimo significativo comparado a 2006: em cinco anos, os investimentos do Ministério da Agricultura às subvenções passaram de R$ 31,12 milhões para R$ 253,5 milhões (2011). O valor é 27,8% superior aos R$ 198,3 milhões pagos em prêmio do seguro rural em 2010.
 
Santa Catarina é o quarto Estado com maior adesão ao seguro rural (R$ 30,3 milhões), ficando atrás do Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo. Foram 224 mil hectares segurados no território barriga-verde. A cultura que mais demandou o seguro foi a soja. A maçã ocupou o segundo lugar, seguida pelo milho safrinha.
 
Mesmo com o incentivo para o seguro rural, por que o número de beneficiários ainda é baixo? Na avaliação do dirigente, custa caro para o produtor contratar o seguro e, na hora de reaver os investimentos, é pouco remunerado, além de haver limite no pagamento das indenizações. “A escassez de informações econômicas e estatísticas para subsidiar a análise de riscos e o cálculo financeiro na composição dos termos das apólices constituem um problema, porque influenciam a exatidão das informações, imprescindíveis para o crescimento do seguro rural”.
 
Souza enfatiza que o médio produtor é o mais prejudicado, pois os pequenos agricultores têm acesso a outros sistemas de financiamentos, a exemplo do Pronaf, seguro automático da produção. “Em certos casos, quando há grandes perdas, a dívida é perdoada pelo Governo, contribuindo para que as famílias dependentes da agricultura familiar possam se reerguer”.
 
O vice-presidente da Faesc realça que o risco na agricultura é permanente e não apenas decorrente de intempéries climáticas. O comportamento imprevisível do mercado, a inconstância das cotações agrícolas e do câmbio constituem riscos presentes. Por isso, o fortalecimento e a expansão do seguro rural passam pelos investimentos em subvenção, fundo de catástrofe e resseguro, pois quanto maior for a adesão menor será o custo.
 
Hoje, o produtor pode recorrer ao Seguro Agrícola, Seguro Pecuário, Seguro Aquicola, Seguro de Florestas e Seguro de Penhor Rural.
 
No caso do seguro agrícola, as subvenções auxiliam para torná-lo mais acessível. Em Santa Catarina, oito culturas recebem do Governo Federal custeio de 50% do valor do prêmio pago aos produtores: arroz, cebola, feijão, maçã, milho, soja, trigo e uva. “Algumas dessas culturas são mais resistentes, mas outras sofrem com os efeitos climáticos. Uma tempestade de granizo pode acabar com a plantação de maçãs em poucos minutos”, expõe Souza.
 
Com o longo período de estiagem no oeste e as chuvas no litoral, no início deste ano o Governo de Santa Catarina ampliou o pagamento do prêmio ao produtor, contribuindo com o aumento das subvenções federais. “Com o aporte do Governo do Estado, o produtor rural terá mais condições de aderir ao seguro rural, insumo essencial para o setor primário, capaz de determinar a permanência competitiva do produtor no campo ou sua expulsão no rastro do êxodo rural”, finaliza.

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