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Produção de café orgânico quintuplica


A safra brasileira de café orgânico deve se situar entre 200 mil e 250 mil sacas (60 quilos) no próximo ano, um volume cinco vezes maior que a produção deste ano, estimada em 50 mil sacas.

O aumento do volume se deve ao início de produção de parte dos cafezais que foram plantados nos últimos anos, crescimento da área de cultivo por parte dos produtores que já manejam suas lavouras de maneira orgânica e maior interesse dos produtores de café convencionais de ingressarem na agricultura orgânica. Se confirmada, a produção de 2004 colocará o Brasil na posição de segundo maior produtor mundial, atrás somente do México, que colhe anualmente 450 mil sacas do produto orgânico.

Espaço garantido

"O café orgânico brasileiro é de altíssima qualidade e tem espaço garantido no mercado internacional, o que estimula o produtor a aumentar e renovar a área de cultivo", diz Ivan Caixeta, produtor e presidente da Associação de Produtores de Café Orgânico do Brasil. Atualmente, cerca de 20% da produção brasileira de café é comercializada no mercado interno e 80% é exportada.

Entre os principais compradores mundiais, destacam-se os Estados Unidos e o Japão. "Existe uma grande vantagem do Brasil em relação aos seus concorrentes: o fato de o País ser o único produtor do mundo de café orgânico natural", afirma Caixeta. O produto natural seca da maneira como é colhido, ou seja, com casca. Já o café descascado - produzido nos principais concorrentes do Brasil, a exemplo da Tanzânia, Peru, Bolívia, Costa Rica, Guatemala, Honduras - tem a casca retirada antes de ir para a secagem.

Produto natural

"O Japão é um grande comprador de café natural, pois se acostumou a consumir o blend feito entre os produtos brasileiro e mexicano", afirma o agricultor.

Sustentada na filosofia de produção ecologicamente correta, socialmente justa e economicamente viável, a agricultura orgânica promove a conservação do meio ambiente e cria novos empregos e qualidade de vida no campo.

"O custo da atividade é alto, mas compensador, uma vez que quem se envolve com orgânicos está adotando uma nova filosofia de vida", afirma Caixeta, que produz café orgânico há dez anos.

Nos últimos três anos o cafeicultor plantou 30 mil árvores em sua propriedade, além de investir constantemente na qualidade de vida de seus funcionários e em proteção ambiental. "Até a semana passada não tínhamos um apoio oficial por parte do governo e as pesquisas tecnológicas eram custeadas pelos produtores." Para Caixeta, a lei de orgânicos aprovada semana passada em Brasília possibilitará aos produtores a utilização de recursos federais, bem como obter maior apoio à exportação.

Boa alternativa

Mesmo sem uma lei para nortear a atividade, a produção de café orgânico no Brasil se apresenta como uma boa alternativa para driblar a crise que assola a cafeicultura. Os custos de produção, 20% superiores aos da cafeicultura tradicional, oscilam atualmente em R$ 234 por saca, mas não assustam os produtores. Nem mesmo, se aliados a uma produtividade 12% menor que a média nacional, ou seja se situando em 16 sacas por hectare. "Não existe receita padrão, pois não estamos tratando de commodities, mas as cotações oscilam patamares sempre muito rentáveis", afirma ele.

Segundo o produtor, a torrefadora Café Bom Dia paga atualmente US$ 100 por saca (cerca de R$ 295), em comparação com os preços do mercado convencional, que se situam em R$ 170 por saca. Já os compradores norte-americanos compram o produto por US$ 130 a saca (R$ 384), enquanto o Japão desembolsa US$ 160 por saca (R$ 472). "É um dinheiro que entra no Brasil e fica na região onde o café foi produzido, uma vez que não há a necessidade de se pagar ‘royalties’ para multinacionais, como acontece com quem usa herbicidas e adubos desenvolvidos fora do Brasil", afirma Ivan Caixeta.

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