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Produção de camarão está concentrada em pequenas fazendas


Os pequenos produtores representam 75,4% do número de fazendas de cultivo de camarão no Brasil. Das 680 unidades em operação no País, 513 têm até dez hectares. A constatação está no Diagnóstico da Carcinicultura Brasileira, divulgado recentemente pela Associação Brasileira dos Criadores de Camarão (ABCC). O resultado do levantamento vai nortear as ações do setor, que já ocupa o segundo lugar na pauta exportadora do Nordeste depois do açúcar.

O presidente da ABCC, Itamar Rocha, diz que o desafio da atividade este ano é capacitar esses pequenos carcinicultores para agregar valor aos produtos embarcados e, assim, melhorar o faturamento das exportações. "Não podemos continuar oferecendo apenas camarão tradicional e sem cabeça ao mercado internacional. Na Tailândia, por exemplo, das 115 mil toneladas exportadas, 92 mil são de produtos industrializados", compara.

No ano passado, a ABCC em parceria com a Agência de Promoção das Exportações (Apex), investiu US$ 100 mil num programa de treinamento para cerca de 70 carcinicultores nos estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Bahia e Pernambuco - maiores produtores nacionais de camarão. "Realizamos capacitações sobre a indústria de processamento, apresentando um mix de 35 produtos, entre camarão pré-cozido, bolinho, pastas, entre outros", observa Rocha.

Perspectivas

Para este ano, a expectativa é retomar os treinamentos depois do Congresso Mundial de Aquicultura, que será realizado em maio, na Bahia. Na avaliação do presidente da ABCC, agregando valor ao camarão os criadores poderão abrir maiores perspectivas no mercado internacional, com a prática da venda direta a supermercados e restaurantes.

Rocha afirma, ainda, que o resultado do diagnóstico vai ajudar nas negociações com os governos estaduais e Federal. "Este ano esperamos ter uma atuação mais política, porque a carcinicultura tem que ser observada como uma das principais atividades do setor primário na atualidade, gerando, emprego, renda e tendo uma importante participação na pauta exportadora. No ano passado, o setor movimentou US$ 155 milhões com as vendas no exterior, num incremento de 46,4% sobre 2001.

No Rio Grande do Norte, maior produtor e exportador de camarão do Brasil, estão distribuídas 280 propriedades de cultivo, sendo 221 com até dez hectares, 48 fazendas de onze a 50 ha e 11 com mais de 50 ha. Rocha afirma que durante a divulgação do resultado do diagnóstico, em fevereiro, a governadora potiguar Wilma Farias (PSB) assinou protocolo se comprometendo a contribuir para o desenvolvimento da atividade.

Dentre as ações sugeridas estão a legalização da situação dos pequenos produtores, através de um licenciamento simplificado; transferência tecnológica, através da retomada do Centro de Ciência e Tecnologia do Estado e treinamento para os pequenos carcinicultores.

Rocha afirmou que também estão sendo agendadas visitas com outros governadores nordestinos. No próximo dia 18 o encontro será com o governador de Sergipe, João Alves (PFL).

O Nordeste responde por 95% das exportações brasileiras e vem registrando crescimento superior a 40% a cada ano. O Ceará lidera as exportações, registrando faturamento de US$ 54,7 milhões em 2002, seguido pelo Rio Grande do Norte (US$ 47,4 milhões), Pernambuco (US$ 23,4 milhões) e Bahia (US$ 18,4 milhões).

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