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Produção de frutas será 4,67% menor no MT

Estiagem prolongada e redução da área plantada explicam recuo em 2012 ante o ano anterior


Estiagem prolongada e redução da área plantada explicam recuo em 2012 ante o ano anterior

Colheita de frutas frescas neste ano em Mato Grosso renderá 115,8 mil toneladas, quantidade 4,67% inferior às 121,476 mil toneladas obtidas durante 2011. Diminuição da produção resulta da estiagem prolongada no último ano e da redução de 10,8% da área plantada, que ocupou 11,466 mil hectares no Estado. Levantamento sistemático concluído pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que serão produzidos   menos mamão (16,83%), maracujá (12,26%), banana (10,52%), uva (5,6%), manga (3,17%), pinha (33,33%), cacau (27,22%) e coco (6,13%). Quantidade será maior para algumas variedades, especialmente cupuaçu (167,44%), limão (58,66%) e melão (42,57%), além de laranja (5,45%), melancia (4,84%) e abacaxi (8,72%). Permanece estável neste ano a produção de caju, goiaba e acerola.


Dentre as frutas produzidas em Mato Grosso, o maior volume corresponde à produção de banana, com 57,155 mil toneladas, equivalente a 49% do total de frutas colhidas. Na sequência registra-se a produção de melancia, com 24,889 mil toneladas, maracujá (11,409 mil/t), caju (5,718 mil/t), laranja (3,560 mil/t), mamão (3,256 mil/t), manga (1,773 mil/t), melão (1,199 mil/t) e uva (1,164 mil/t). Produção de abacaxi e coco, em unidades, corresponde a 44,756 mil frutos e 15,845 mil frutos, respectivamente, nesta safra.

Em relação à área plantada, nota-se que o cultivo de banana envolve 5,941 mil hectares, proporcional à 51% de toda área ocupada com o plantio de frutas no Estado. Restante foi reservado ao cultivo de abacaxi (1,951 mil/ha) e coco (1,191 mil/ha).

Acompanhando a produção de frutas no Estado, o administrador da Associação mato-grossense de Fruticultura, Duílio Maiolino Filho, explica que no Estado está sendo priorizado o cultivo de 6 frutas, sendo elas banana, maracujá, abacaxi, caju e goiaba. “Isso porque todo pequeno produtor entende da produção dessas frutas, ao contrário do mamão, por exemplo, que é uma cultura extremamente tecnológica e exige uma produção integrada e muito profissional, assim como o coco”.

Ainda assim, atualmente a produção estadual de frutas frescas abastece apenas 30% do mercado consumidor local. Para o representante da Associação, ainda falta uma política governamental mais específica para que o Estado se torne autosuficiente na produção de frutas. “Por enquanto, a preocupação é criar Centro de Abastecimento, mas é preciso fomentar a agricultura familiar, investir no pequeno produtor”.

Principais produtores - No território estadual, destacam-se na produção de frutas frescas os municípios de Nova Mutum, Tangará da Serra e Terra Nova do Norte, conforme informou o supervisor de Pesquisa Agropecuária do IBGE, Pedro Nessi Snizek. Na produção de melancia, por exemplo, os municípios de Sorriso e Sinop lideram, produzindo juntos 8,8 mil toneladas, 35% do total de 24,889 mil toneladas colhidas em todo Estado. Com a produção de melão, o recorde é de Nova Santa Helena, com 378 toneladas, seguido de Sorriso, com 150 toneladas.

Investindo na produção de banana há 10 anos e, mais recentemente, no cultivo de morangos, o agricultor Roberto Maestro Pietro comercializa o que produz diretamente da propriedade, situada no assentamento Santo Antônio da Fartura, em Campo Verde. No local, mais de 80 pequenos produtores vivem do cultivo de maracujá, ponkan, limão, laranja, mamão, além de hortaliças, verduras e legumes. “A gente vende direto no assentamento”.


Para aumentar a produção de morango, por exemplo, Pietro diz que precisa investir em estufas. “Estamos plantando direto no chão, com irrigação”. Sistema tem permitido obter 50 quilos por mês da fruta, durante a safra. Produção de banana atende o Programa Mais Alimentos. No mesmo município, no assentamento Taperinha, o agricultor Anilo Kuhn planta mamão numa área de dois hectares. “Já plantei até 3 hectares, mas estou ficando velho”. Há dois anos, reservou um hectare para produção de laranja e ponkan, mas o pomar ainda não deu frutos. “Colho umas 10 toneladas de mamão e vendo a R$ 1 o quilo, para feiras e supermercados de Campo Verde e Jaciara”.

Administrador da Associação de Fruticultura de Mato Grosso explica que o município de Tangará da Serra tem se destacado na produção de frutas por causa do aproveitamento local, viabilizado desde a implantação de uma fábrica de processamento de frutas, a Tropical Frutas. “Eles tem um técnico que orienta a produção de maracujá, abacaxi, entre outras frutas, nas propriedades”. Assim, os produtores comercializam o que produzem com a fábrica e também nas feiras e supermercados da região. Em Campo Verde, Pietro lembra que a produção do assentamento Santo Antônio da Fartura é bem diversificada. “Já Sinop e Alta Floresta são autosuficientes na produção de banana e Santo Antônio do Leverger na produção de ponkan”.

Consumo - Número de fornecedores de frutas frescas está reduzindo, segundo o feirante Apolinário Gonçalves Queiroz, que mantém banca de frutas na feira do Porto, em Cuiabá, há 12 anos. “Eu tinha mais distribuidores na região, mas muitos vendem as terras para quem quer plantar soja, algodão e acabam migrando para cidade, em busca de emprego”. Ele diz que ainda consegue adquirir de fornecedores locais frutas como abacaxi, maracujá, mamão, banana, abacate, ponkan, coco e melancia, provenientes de diferentes municípios do Estado, como Tangará da Serra, Nova Mutum e Guiratinga. “O restante vem de Goiás, São Paulo e Paraná”.

Para a feirante Silvânia Anacleta de Abreu, o abastecimento com produtos locais inclui melancia, abacaxi e ponkan, trazidas 3 vezes por semana de Campo Verde, Curvelândia e Jangada. “Essas são as frutas mais procuradas pelos clientes, porque tem mais líquido e, por causa do clima daqui, são melhores para fazer suco”. Frequentadora da feira, a empresária Andressa Melo, 35 anos, diz que na sua casa não pode faltar maçã, laranja e banana. “Tenho dois filhos e faço bastante suco”. Por semana, calcula um gasto médio de R$ 30 com frutas e verduras. Consumo familiar da advogada Ana Léia Candini, 35, inclui banana, maçã e mamão. “Gasto uns R$ 20 por semana com frutas, porque aqui em Mato Grosso é muito caro”.

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