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Produção de soja vai superar EUA em 2004


O rebalanceamento dos preços de suporte à produção agrícola norte-americana garantiu maior rentabilidade às suas lavouras de milho e trigo, mas reduziu para 29,2 milhões de hectares a área plantada com soja nos Estados Unidos. Quem saiu ganhando foi o Brasil que, segundo o chefe do Departamento Econômica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Getúlio Pernambuco, será a médio prazo o maior produtor mundial de soja.

Atualmente, o Brasil produz 51 milhões de toneladas de soja e os Estados 74,3 milhões de toneladas. No entanto, em valores, as exportações brasileiras atingiram, no ano passado, US$ 6 bilhões, quase igualando as vendas externas de US$ 7,2 bilhões dos Estados Unidos. Para 2003, no entanto, as projeções indicam que o Brasil exportará US$ 7,5 bilhões de soja, chegando a 2004 como o maior exportador mundial do produto.

Segundo Getúlio, estes números confirmam a competitividade da soja brasileira apesar do crescimento das políticas internas norte-americanas de suporte de renda aos seus produtores, que pagam a diferença entre os preços de mercado e os preços mínimos em vigor nos Estados Unidos.

Dados divulgados no Agricultural Outlook Fórum 2003, promovido pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em Washington, na semana passada, mostram que o governo dos Estados Unidos investirá US$ 17,6 bilhões em subsídios a sua agricultura em 2003, superando o volume de pagamentos de 2002, que foi de US$ 13,1 bilhões.

Pelo menos três programas de sustentação de renda foram confirmados pela nova Farm Bill norte-americana: pagamentos fixos, independente da produção; pagamentos anticíclicos, para garantir preços mínimos elevados e financiamento da comercialização.

Mesmo assim, durante o Outlook 2003, o economista chefe do USDA, Keith Collins, e o sub-secretário do Tesouro norte-americano, John B. Taylor, reconheceram que os Estados Unidos estão se preparando para enfrentar a forte concorrência dos países em desenvolvimento, como o Brasil, no mercado internacional de produtos agrícolas. Anunciaram, inclusive, que deverão intensificar o uso de tecnologia e investir na agricultura de precisão, buscando alternativas como a produção de bioenergia.

No entanto, segundo o chefe do Departamento de Assuntos Internacionais e Comércio Exterior da CNA, Antônio Donizeti Beraldo, para que o Brasil possa consolidar sua posição de grande competidor no comércio agrícola mundial do século XXI precisará adaptar-se às exigências de segurança alimentar – a Food Safety – e da nova legislação contra o bioterrorismo – a Bioterrorism Act – que começa a vigorar a partir do final de 2003, com implicações para as exportações brasileiras.

Quanto a pecuária, as diferenças entre os custos de produção de carnes nos Estados Unidos e no Brasil favorecem a expansão das exportações nacionais em novos mercados, como Rússia e China. Somente no caso do frango, estas diferenças de custos variam de 50% a 70% em favor do Brasil.

Dados obtidos pelo assessor do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da CNA, Paulo Mustefaga, no Agricultural Outlook Fórum 2003 indicam que as vendas externas de carne bovina in natura congelada para a Rússia deverão crescer 100% em relação aos US$ 45 mil registrados no ano passado. Também está em fase de finalização o acordo sanitário entre Brasil e China, que permitirá exportações de carne bovina in natura e industrializada e carne de frango para o país asiático.

Mustefaga calcula, também, que dentro de 14 meses o Brasil estará em condições de atender às exigências sanitárias impostas pelos Estados Unidos, passando a exportar carne bovina in natura para o mercado norte-americano.

“Embora a quota oferecida ao Brasil seja pequena, de apenas 20 mil toneladas, diante do volume total exportado pelo Brasil, de um milhão de toneladas, a conclusão deste processo poderá garantir a abertura de novos mercados para a carne brasileira”, concluiu o assessor da CNA.

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