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Produção maior de trigo evitaria pressão de argentinos

O ideal seria que os agricultores fornecessem pelo menos 50% do volume que a indústria processa


O trigo nacional é importante para a indústria e o ideal seria que os agricultores fornecessem pelo menos 50% do volume que a indústria processa. Esse volume aliviaria a pressão que os moinhos brasileiros sofrem dos exportadores argentinos, responsáveis por 95% do produto que o Brasil busca no mercado externo. O produto brasileiro precisa, no entanto, ser mais competitivo, tanto em termos de preço como de qualidade e de adaptação às necessidades dos moinhos. Afinal, a indústria não pode arcar com uma eventual falta de competitividade do produto brasileiro apenas para garantir mercado ao produto nacional.

A análise é de Samuel Hosken, presidente-executivo da Abitrigo (Associação Brasileira da Indústria do Trigo), para quem "o Brasil precisa ter um programa para permitir que o trigo brasileiro seja mais competitivo". Para ele, essa competitividade passa por um custo menor nos financiamentos ao produtor, no desenvolvimento de uma logística mais favorável, principalmente na redução de custos de transporte, e em mais opções de estocagem.

O desenvolvimento da triticultura brasileira passa por um diálogo a três, segundo Hosken: governo, produtor e indústria. "Mas deve ser um diálogo desarmado e olhando para a frente", segundo ele. Essas conversas não devem ocorrer apenas quando há excesso de oferta ou problemas na produção, diz ele. De certa forma, esse diálogo já ocorre em Minas Gerais, onde o governo estadual está dando assistência aos produtores, as indústrias determinaram o produto que querem e os produtores conseguem vender o trigo antes mesmo de produzi-lo -as vendas ocorrem quando o trigo ainda está verde.

Hosken concorda com os técnicos da Embrapa que o caminho para o trigo é o do cerrado. Alguns experimentos indicam produção de até 7.000 quilos por hectare no trigo irrigado, afirma. A produção no Paraná é de 2.000 quilos por hectare. Ele é contrário, no entanto, à redução das importações no período da safra brasileira. "O Brasil só é líder mundial em vários produtos porque tem competitividade. É preciso dar competitividade também ao trigo nacional", diz ele.

O presidente da Abitrigo diz, ainda, que precisam ser desfeitos alguns mitos nesse setor. A redução da TEC (Tarifa Externa Comum) para outros mercados fora do Mercosul é um deles. Enquanto a indústria utiliza apenas 40% de trigo brasileiro na mistura com o importado da Argentina, poderia utilizar 60% se o produto fosse importado do Canadá -produto de melhor qualidade. Ou seja, haveria maior uso de trigo nacional.

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