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Produtor americano enfrenta nova ameaça


O setor açucareiro dos Estados Unidos teve um amigo no governo americano desde 1789, quando o secretário do Tesouro, Alexander Hamilton, aprovou uma tarifa sobre o produto importado. Atualmente, dois séculos de proteção foram postos em xeque.

As vitórias dos republicanos nas campanhas para o Congresso e para a Presidência, a pressão dos parceiros comerciais e um novo secretário do Comércio com um histórico de oposição ao lobby do açúcar são fatores que estão atuando contra o setor, que movimenta US$ 4 bilhões. Eles estão visando, especialmente, o sistema de cotas de importação e de limites à produção que obriga os consumidores norte-americanos a pagar pelo produto o dobro do que é cobrado no mercado livre.

"Com maiorias republicanas mais numerosas, o argumento de que o setor privado deveria regulamentar nossas decisões tem mais influência", diz o parlamentar Mark Kirk, do estado de Illinois, que fundou o Colegiado Parlamentar pela Reforma Açucareira no mês passado. "Em particular, todo mundo critica o lobby do açúcar no governo", conclui.

Kirk, membro da Comissão de Dotações da Câmara dos Deputados, pretende privar o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) do dinheiro de que o órgão necessita para administrar o sistema de preços de garantia, vigente há 70 anos. Ele quer abolir as cotas por meio do apoio dado aos acordos comerciais, como o firmado com países da América Central, que corroem a proteção, e introduzir especificações num projeto de lei sobre subsídios agrícolas.

Kirk e seus aliados têm o apoio de lobistas de fabricantes de doces, como a Mars Inc., com sede em McLean, na Virgínia, e a Hershey Foods Corp., de Hershey, na Pensilvânia, além de fabricantes de refrigerantes como a Coca-Cola Co., com sede em Atlanta.

Jack Roney, diretor de análise de políticas administrativas da American Sugar Alliance, diz que as exigências das empresas de doces e refrigerantes norte-americanas não são novas, e adverte que um fim às cotas favoreceria essas empresas, e não aos consumidores. "Está muito óbvio o que as move, que é aumentar seus lucros", diz.

O grupo de Roney está associado a produtores, refinarias e empresas como a Archer Daniels Midland Co., com sede em Decatur, em Illinois, que processa o xarope de milho, de alto teor de frutose, que a Coca-Cola emprega no lugar do açúcar.

O governo dos Estados Unidos restringe as importações por meio de uma série de cotas de tarifas, além de limitar o volume de açúcar que pode entrar no mercado norte-americano por meio de controles de produção, chamados de dotações de comercialização. Além disso, os produtores de açúcar recebem um empréstimo avalizado de US$ 0,18 por libra-peso de açúcar demerara de cana e US$ 0,22 por libra-peso de açúcar de beterraba refinado. Quando os preços não sobem, as processadoras mantêm o empréstimo e entregam a safra para o governo.

O programa do açúcar custa aos consumidores norte-americanos até US$ 1,9 bilhão ao ano por meio de preços mais elevados, segundo o relatório de 2000 do Departamento de Prestação de Contas do governo. O preço mundial do açúcar subiu 53% no período de um ano.

O Departamento de Orçamento do Congresso estima que o sistema de sustentação de preços, que não é empregado há quatro anos, vai pagar US$ 2,1 bilhões durante os próximos 10 anos. O poder político do açúcar provém de sua amplitude geográfica. Ele é cultivado numa região que reúne os plantadores de cana do sul da Flórida, Luisiana, Texas e Havaí a produtores de açúcar de beterraba do vale do Rio Vermelho dos Estados de Minnesota e Dakota do Norte, e 10 outros estados.

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