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Produtor de café expande área cultivada


Sul de Minas, município de Machado, localizado entre as cidades de Poços de Caldas e Varginha. Esse foi o lugar escolhido pela Dínamo Armazéns Gerais para iniciar sua lavoura de café e inaugurar a entrada do grupo no elo de produção da cadeia cafeeira. Depois de 25 anos atuando apenas na armazenagem de café, o grupo resolveu investir R$ 1 milhão na compra de uma fazenda com 450 mil pés e plantar outros 145 mil ainda em 2005. "A idéia é aproveitar o bom momento da cafeicultura e tocar o negócio de produção como se toca uma empresa. Acreditamos nos resultados econômicos e uma gestão profissional", diz Adriano Oliveira Souza, gerente comercial do grupo.

A aposta do grupo está baseada no simples fato de que, em doze meses, os preços do café registraram uma valorização de 36,7% em Nova York. E a expectativa de que as cotações manterão a trajetória ascendente é tão grande que a empresa está disposta a investir mais R$ 1 milhão para plantar outras 570 mil mudas e iniciar a primeira colheita dentro de três anos.

Renovação dos cafezais:

Mas não são apenas novos investidores, como a Dínamo, que estão dispostos a aposta na cafeicultura. A melhoria dos preços do café iniciou um movimento de corrida por mudas para renovação dos cafezais mais antigos. "Na região de Machado a oferta não conseguiu atender à demanda e todas as 5 milhões de mudas produzidas para 2005 já foram praticamente vendidas", afirma Gilmar José Cereda, gerente regional da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).

De acordo com Cereda, no ano passado, foram produzidas 3 milhões de mudas e cerca de 50% da oferta não foi aproveitada. "Cerca de 80% das vendas deste ano, na região, foram destinadas para renovação", afirma Cereda.

Como não poderia ser diferente, a máxima do mercado voltou a funcionar: quanto maior a demanda, mais elevado fica o preço. O valor do lote de mil mudas sofreu um reajuste de 177% e passou dos R$ 80 em janeiro do ano passado para os atuais R$ 250. "Historicamente, o preço do milheiro - lote de mil mudas - acompanha o valor da saca", afirma Cereda.

Prevendo que os preços da muda poderiam subir em 2005, o cafeicultor e ex-presidente da Associação Sul Mineira dos Cafeicultores, Ivan Caixeta, adquiriu no ano passado 70 mil mudas para complementar sua lavoura, de 580 mil pés. "O pessoal resolveu plantar, apesar de os preços estarem apenas pagando os custos de produção", afirma Caixeta.

Movimento nacional:

Mas não é apenas no sul de Minas que o movimento de renovação e ampliação de área está sendo observado. Fazendas do Paraná, São Paulo e Bahia também já começaram a trocar os pés antigos por mudas com idade entre seis e dez meses, que em dois anos começarão a produzir sua primeira safra.

Luiz Hafers, ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB) e tradicional cafeicultor, pretende aumentar em cinco hectares a área de seu cafezal este ano. A lavoura, que está dividida entre duas fazendas - Bahia e Paraná - ocupa atualmente 400 hectares e tem cerca de 2 milhões de pés. "Está havendo um reinício do plantio, mas acredito que esse movimento será liderado, principalmente, por cafeicultores de pequeno porte", afirma Hafers.

Grande ou pequeno, o fato é que o novo movimento de expansão da cafeicultura nacional já era aguardado por alguns analistas. "Vivemos um período favorável no setor e o aumento na demanda por mudas, seja para novos investidores ou para renovação de lavouras, era algo esperado", afirma Luiz Moricochi, consultor em economia e política cafeeira. Ele lembra, no entanto, que o momento pode ser favorável ao plantio. "Mas se no futuro o investimento será lucrativo é uma outra questão", diz.

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