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Produtor de HF pode se beneficiar de preços

Setor vive retração com a Covid-19 mas especialista diz que é momento de investir


Foto: Eliza Maliszewski

Nas últimas semanas o que mais vemos são os impactos da pandemia sobre setores como flores e hortifruti. Em HF os custos de produção subiram na última safra e devido às recomendações de isolamento social e quarentena, produtores têm enfrentado demanda bastante reduzida, tanto no varejo quanto nas roças. 

Segundo o consultor e especialista em agronegócio, Carlos Cogo, o cenário de dólar alto e sem previsão de que vá baixar tão logo deve afetar itens de HF que vem de importação como cebola, tomate e molhos atomatados, uva e kiwi, por exemplo. “Tudo que depender de importação no curto e médio prazo vai ter preço afetado e isso beneficia o produtor nacional que quiser fazer um investimento em áreas maiores de plantio para abastecer o mercado”, afirma.

Ele participou de uma live promovida pela Ihara, nesta terça-feira (5), sobre “Tendências de mercado na cultura de HF”, onde traçou um panorama do cenário de frutas e hortículas e suas relações de preço.

Batata, tomate e cebola

Na mesa do brasileiro a batata, o tomate e a cebola não podem faltar.  Mas as restrições de circulação influenciam diretamente o setor. O primeiro impacto sentido foi nos produtos mais perecíveis, sem capacidade de estocagem por muito tempo, como folhosas, por exemplo. Associado a isso as dificuldades para os pequenos produtores que dependem de cadeias longas, logística e centrais de abastecimento para escoar a produção em tempo hábil.

Já para o consumidor não há problemas notáveis de abastecimento no varejo, feiras ou supermercados. O que pode impactar mais são os preços praticados, seja por quebras de safras por fatores climáticos ou entrada de produtos importados.

Na batata os impactos foram fortes. Os consumidores buscaram estocar produto quando o vírus começou. Depois começaram os problemas de escoamento, logística e fechamento de feiras livres. Há tendência de alta de preços porque há redução de oferta do produto. “No CEAGESP, maior central de abastecimento da América Latina, na semana passada, a saca subiu 21%, no Rio de Janeiro alta de 15% e em Belo Horizonte 11%, bem acima do custo de produção, o que favorece o produtor”, destaca Cogo. No caso de  Minas Gerais o impacto foi menor porque está chegando uma safra nova e de ótima qualidade das regiões produtoras como Sul e Cerrado Mineiro. Já no Rio Grande do Sul há comprometimento da qualidade com estiagem. “Para o curto prazo não há previsão de oferta de batata e, portanto, não há previsão de sustentação de preços”, completa. 

O tomate, hortícula muito consumida, sofreu muito no começo da pandemia e na última semana sofreu baixa. Em São Paulo teve queda de 17% no preço, especialmente pela entrada da safra nova de regiões produtoras do Estado, tendo maior oferta. 

Na cebola o mercado também esta em tendência de elevação de preço, com alta acumulada de 45% na ultima semana. A compra da Argentina, que é o maior fornecedor , foi intensificada. Com dólar em alta o custo da cebola importada segue subindo e isso interfere na cotação da cebola brasileira. No Nordeste o clima também afetou a produção. A chuva excessiva causou muitas doenças levando a descartes. A produção esperada para maio não veio e só deve chegar em junho, encarecendo preços. 

“No segundo semestre, que deve ser um ambiente pós-pandemia, vamos ter aumento de oferta característico de entrada de safra e o consumidor retornando às compras, o que deve gerar equilíbrio. Mas o poder de compra sairá abalado pela crise financeira. Alguns produtos devem ter recuperação mais rápida e outros mais lenta. O tomate, por exemplo, tende a normalizar porque tem maior acesso ao consumidor”, diz Cogo.

E as frutas?

O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas, atrás somente de China e Índia e um grande exportador com potencial de expansão no mercado internacional. “Temos só 2% a nível global então há muito para crescer em exportação, em volume”, avalia o especialista.

Ainda com todas dificuldades com o início do Covid-19 o desempenho nos primeiros três meses foi bom. Foram exportadas 234 mil toneladas de frutas, apenas 2% menos do que no mesmo período do ano passado, segundo a Abrafrutas. O abacate cresceu 126%, maçã 56% e o limão cresceu 46%. Houve queda em laranja (58%), uva (44%), manga (23%) e melão (8%). “Grande parte desta queda veio da baixa qualidade por questões climáticas. Há sim uma pequena redução no mercado externo. Cerca de  68% das nossas exportações vão para mercado europeu que sofreu muito com o vírus no começo do ano
Nesse segundo semestre creio que haverá aquecimento nas exportações de frutas brasileiras porque muitos países grandes consumidores estão reabrindo suas atividades gradualmente”, acredita. 

A paralisação das escolas  também prejudicou o setor de frutas porque a merenda escolar é parcela significativa do escoamento. Nessa época de pandemia algumas frutas como mamão, banana, maçã podem sofrer pressão de baixa nos preços mais intensa.
 

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