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Produtor de MT migra de culturas

Rizicultores optam por cultivar soja e os de feijão preferem o milho safrinha; preço seria a causa


Rizicultores optam por cultivar soja e os de feijão preferem o milho safrinha; preço seria a causa

Se a safra 2011/2012 de arroz já foi de uma produção 35,3% menor do que no ciclo passado, a 2012/2013 poderá ter uma produção ainda inferior a vista neste ciclo. Apesar dos preços da saca do cereal ter subido 72% em relação a agosto de 2011, de R$ 24,93 em média para R$ 43 (maior média do mês desde 2007), em algumas regiões, ainda é insuficiente para estimular os produtores diante dos preços atrativos da saca de soja, que hoje está na casa dos R$ 70. A migração de área entre as duas culturas já é fato, dizem produtores e o Sindicato da Indústria de Arroz em Mato Grosso (Sindarroz-MT). A redução já faz as indústrias adquirirem arroz do Rio Grande do Sul. Já o feijão que deve encerrar o ciclo atual em alta, por conta dos preços pagos ao produtor, área também pode ser reduzida para dar lugar ao milho 2ª safra.

De acordo com 11º levantamento da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), divulgado este mês, o Estado na safra 2011/2012 produziu apenas 514,6 mil toneladas de arroz, volume inferior as 795,9 mil da safra 2010/2011. A área reduziu 37,1%, de 256 mil hectares para 161 mil. Entretanto a produtividade cresceu 2,8%, saltando de 3.109 quilos por hectare para 3.196.

Conforme o presidente Sindarroz-MT, Ivo Mendonça, na época em que se plantou o cereal os preços estavam baixos o que levou o produtor a reduzir a área e consequentemente a produção. “O Brasil produz o suficiente para a sua demanda, então não corremos o risco de ficar sem o cereal no país. Como a produção foi menor neste ciclo começamos agora este mês adquiri-lo do Sul do país para suprir nossa demanda. Alguns indústrias ainda não começaram por ter estoque”. Segundo Mendonça, para a safra 2012/2013 de arroz já é certo mais reduções, por conta dos preços atrativos da soja. “Só não sabemos precisar o quanto ainda, nem de área e nem de produção”.

Cássio Gaudência Martins é produtor de arroz e soja em Sinop. Ele comenta que planta 200 hectares com o cereal e 300 com a oleoginosa. Ele diz que apesar do preço da saca da soja estar convidativo para aumentar a área dela, ele manterá os mesmos hectares para ambas as culturas. “Mas, já há produtores afirmando diminuir a área de arroz sim”. Quanto aos preços pagos ao produtor ele salienta que está subindo devido a pressão pela falta do cereal. “Em junho recebia R$ 30 e hoje R$ 43”.

O plantio da próxima safra está previsto para começar em janeiro.

FEIJÃO

Ao contrário do arroz, o feijão que inicialmente tinha tudo, pelos apontamentos da Conab, ter queda na produção deverá encerrar o ciclo 2011/2012 com aumento de 1,4% na produção, um salto de 234,8 mil toneladas na soma
das três safra do ano para 238 mil, mesmo que a área tenha caído 9,7%, ficando em 188 mil hectares. A produtividade cresceu 12,2% de 1.128 quilos
por hectare para 1.266.

Do total de feijão produzido cerca de 130 mil toneladas são da variedade caupi, segundo o produtor de Primavera do Leste, Moacir Tomazetti. Ele salienta que o que está sendo colhido hoje é a variedade carioca que está puxando para cima a produção. “Em junho quando o plantio estava começando os preço da saca do carioca estava R$ 220 o que estimulou a plantar. Hoje, está R$ 110, que ainda é aceitável. Contudo, mesmo que siga neste patamar, deveremos ter queda. No caupi deve cerca de 20% na área do Estado, visto os preços do milho atrativo também, mas dependerá do comportamento dos preços daqui para a frente”.

Preço do cereal sobe 23% para o consumidor final

A queda na produção de arroz e a importação da região Sul do país já têm impactado o bolso do consumidor em Mato Grosso. Em 15 dias, arroz que era encontrado na oferta a R$ 6,99 é visto a R$ 8,99, um aumento de 28,6%. A perspectiva do setor supermercadista é que o saco de 5 quilos ultrapasse os R$ 10 nos próximos dias. Desde fevereiro o consumidor já teve uma alta de 40% no preço do cereal e até dezembro mais 15% está por vir. Em contrapartida o feijão, devido à colheita da 3ª safra, já caiu cerca de 50% o preço sendo encontrado em média a R$ 3,50.

Nas gôndolas o pacote de 5 quilos de arroz varia de R$ 6,95 a R$ 11,90. Alguns são envasados em Mato Grosso, inclusive. Contudo, de acordo com o presidente da Associação de Supermercados de Mato Grosso, Kassio Catena, como a safra de arroz foi pequena e as indústrias locais já estão adquirindo o cereal de Estados da região Sul, os preços devem superar os R$ 10.

“Mesmo que envase aqui a indústria está pagando mais caro e tem de repassar ao supermercadista e o consumidor consequentemente. Há cerca de 15 dias eu pagava em média R$ 35 pelo fardo e hoje entre R$ 45 a R$ 48 dependendo da marca. Arroz que na oferta final de julho estava a R$ 6,99, hoje a mesma marca na oferta está R$ 8,99”, diz Catena.

Segundo o presidente do Sindarroz-MT, Ivo Mendonça, o arroz ao consumidor subiu de preço desde fevereiro 35% a 40% e deverá subir até dezembro de 10% a 15%. “Começamos a comprar de fora, por isso o preço está subindo. Para o ano que vem não sabemos ainda como será”.

Quanto ao feijão, Catena comenta que o fardo por semana vem apresentando uma queda de R$ 3 em média. Atualmente, o consumidor tem encontrado, tanto o carioca quanto o preto, variando entre R$ 3,09 e R$ 5,99 nas gôndolas, ao contrário dos R$ 6,79 de abril. “Começou a colheita novamente e isso traz mais oferta de produto e leva os preços a caírem”, diz o presidente da Asmat.

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