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Produtor depende de financiamento

"Não temos como mudar sem assistência técnica e financiamento. A margem de lucro é muito estreita"


O produtor Alcebia Peça­­nha, de Marialva (Norte do Paraná), tem certeza que a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) pode ampliar a renda de sua propriedade. Além disso, sente-se pressionado a buscar mais sustentabilidade no campo. Porém, afirma estar com “as mãos atadas” na hora de colocar o projeto em prática.


O cultivo de 110 hectares com grãos e a produção de leite com 180 cabeças de gado são a base de seu negócio. As duas atividades, no entanto, são desenvolvidas separadamente, com a pecuária leiteira restrita a 1,5 hectare, relata. Ele considera que, para ampliar a produção de leite, precisa de mais alimento para as vacas, que rendem atualmente 1,3 mil litros ao dia. Mas isso depende do cultivo de pasto, da compra de máquinas, de estrutura para movimentar o gado com cercas em toda a propriedade.

“Não temos como mudar sem assistência técnica e financiamento. A margem de lucro é muito estreita”, afirma o filho de Alcebia, Adeli Peçanha. Ele relata que, em sua vizinhança, de 20 pecuaristas, apenas 3 continuam produzindo leite. “Quando os preços sobem e descem de repente, o pessoal vai para o que está dando mais lucro. No momento, é melhor produzir milho e soja.” Os pecuaristas recebem R$ 0,70 por litro de leite na região. Com custos integrados, poderiam garantir viabilidade à pecuária e renda diversificada.

Os R$ 2 bilhões que o governo federal anunciou um ano atrás para financiar projetos de integração, por meio o Programa ABC (que incentiva a agricultura com baixa emissão de carbono), não estão chegando aos produtores. Os bancos afirmam não ter recebido projetos. O analista técnico do Banco do Brasil Carlos Bortoletto, que atua na região de Maringá, avalia que o programa era novidade em 2010 e que a tendência é que os técnicos sintam-se mais preparados para orientar os produtores a partir de agora.


O Ministério da Agricultura divulga que 1/3 dos R$ 2 bi­­lhões foram efetivamente aplicados no último ano. Os técnicos do governo dizem que o volume de recursos e os juros de 5,5% ao ano devem ser mantidos no próximo Plano Agrícola e Pecuário (PAP), a ser lançado ainda em maio.

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