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Produtor planta soja precoce e obtém rentabilidade maior

A soja precoce passou a ter vantagens depois da disseminação da ferrugem


A ferrugem asiática mudou o perfil das lavouras de soja do Brasil. As variedades precoces, que tradicionalmente representavam 10% da área total, foram cultivadas nesta safra em até metade da lavoura nos principais estados produtores. A tendência é que esta participação aumente, embalada pelos bons preços do milho - a colheita antecipada da oleaginosa permite o plantio da segunda safra do cereal.

Apesar de ser mais suscetível a intempéries do clima, a soja precoce - ciclo menor que 120 dias - passou a ter vantagens importantes depois da disseminação da ferrugem asiática, há três safras. Isso porque o plantio antecipado desta variedade dribla o surgimento da doença nas fases iniciais de desenvolvimento da planta, economizando de 1 a 1,5 aplicações de fungicidas, segundo explica o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Soja) Antônio Eduardo Pípolo.

"Mas, esta variedade costuma ter produtividade 10% inferior a do ciclo médio", diz Pípolo. No entanto, em anos de clima favorável, como está ocorrendo nesta safra, a produtividade da soja precoce é praticamente igual a do ciclo médio. Assim, o produtor que conseguiu economizar pelo menos uma aplicação de fungicida com a soja precoce teve rentabilidade 5% superior do que com a de ciclo médio, segundo estimativa da Agra-FNP.

Fábio Turquino Barros, analista da consultoria, alerta que, em anos em que há problemas climáticos, a variedade precoce tem perdas de produtividade muito altas, que podem ser superiores a 50%. "Por isso, o ideal é que a área não ultrapasse 30% da lavoura", orienta.

No Centro-Oeste e Paraná - que representam 63% da área de soja do País -, este percentual "limite" já foi ultrapassado. O Paraná foi o estado que mais ampliou a área de soja precoce. Em relação à colheita passada, o uso da variedade é 20% maior, comparando-se com a safra 2004/05 é 130% superior. Segundo informações do Departamento de Economia Rural do estado (Deral), 46% da soja cultivada nesta safra foi da variedade precoce. Em 2004/05, era 20% e, no ano passado, 38%. Barros alerta que este estado é o que mais tem risco no plantio da precoce porque é comum ocorrer veranico entre o final de janeiro e o início de fevereiro, justamente quando a planta está na fase de enchimento dos grãos.

Mato Grosso do Sul é o segundo estado em que a área de soja precoce tem maior participação: 45% da área, segundo estimativas da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul). Há duas safras, este percentual era de 30% e na colheita anterior, 35%. O vice-presidente da entidade, Eduardo Riedel, acredita que a área não ultrapassará esta proporção na próxima safra, mesmo com o bom momento do milho. "O produtor não tem infra-estrutura para cultivar percentuais superiores de variedade de mesmo ciclo", resume.

Outro avanço significativo ocorreu em Goiás. Há duas safras, a área com soja precoce não passava de 20% e hoje é 35%, segundo o assessor técnico da Federação da Agricultura do Estado (Faeg), Pedro Arantes. Em alguns municípios, como Jataí, a área de precoce representa 70% da lavoura. "O produtor prefere correr risco de chuva na colheita que com a ferrugem", diz. Por conta da doença, nesta safra a produtividade da soja de ciclo tardio foi 10% menor que a da precoce e o número de aplicações, duas vezes maior.

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