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Produtor quita dívida antes de comprar máquina

Ainda é tímida a reação nas vendas de bens como colheitadeiras e tratores


Ainda é tímida a reação nas vendas de bens de maior valor como colheitadeiras, tratores e terras agrícolas por causa da retomada da agricultura de grãos. É que boa parte dos produtores continua endividada. Primeiro eles precisam fazer as contas e liquidar as pendências de safras passadas antes de assumirem novos compromissos.

"Já existe um movimento positivo para compra de máquinas, mas não há vendas significativas fechadas", diz Gilberto Zago, gerente de Relações Institucionais da John Deere Brasil, que responde por um terço da produção de colheitadeiras.

Ele diz que os produtores já perceberam que terão melhores resultados este ano com a safra. Os agricultores mais otimistas são os de Goiás, Estado que não foi tão afetado no ano passado pela doença da ferrugem da soja. Ao que tudo indica, observa, mesmo otimistas, os produtores devem primeiro quitar as dívidas passadas.

Tanto é que Zago espera alguma reação significativa nas vendas de máquinas só a partir de maio, quando já terá sido anunciada a política de crédito da próxima safra e se terá uma noção mais exata dos preços.

"O cenário é favorável, mas a reação nas vendas de implementos agrícolas deve ocorrer a partir do segundo semestre", confirma Francisco Matturro, presidente da Câmara Setorial de Máquinas Agrícolas da Abimaq e diretor da Marchesan Implementos e Máquinas Agrícolas. Ele atribui a calmaria ao fato de os agricultores ainda carregarem dívidas antigas.

De toda forma, os números da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) já mostram um crescimento considerável no volume de máquinas vendidas neste ano.

No primeiro bimestre, foram comercializados no mercado doméstico 3.294 tratores de rodas, segundo a Anfavea. O crescimento é 24,4% ante o mesmo período do ano passado. No primeiro bimestre, a produção de tratores de rodas atingiu 5.302 unidades, com alta 12,4% na comparação com igual período de 2006. Enquanto isso, as exportações do equipamento caíram 10,4% no período.

Nas colheitadeiras, também já houve acréscimo nos volumes, aponta a pesquisa da Anfavea. No primeiro bimestre, foram vendidas 381 unidades no mercado interno, 27% mais que nos mesmos meses de 2006. Uma colheitadeira não sai por menos de R$ 200 mil.

Já a produção de colheitadeiras somou no primeiro trimestre 732 unidades, com alta de apenas 0,5% no período. Além disso, as exportações do equipamento recuaram. No primeiro bimestre, foram enviadas para o exterior 411 unidades, um volume 27,1% menor ante 2006, mostra a Anfavea.

Apesar do avanço, Matturro pondera que qualquer reação nas vendas deve ser interpretada apenas como uma recuperação. É que o último ano bom para o setor foi 2004. De lá para cá, os fabricantes acumulam queda de 80%, calcula.

Terras:

Já o quadro dos implementos para os grãos não é o mesmo para os destinados à cana-de-açúcar, lavoura marcada pelo crescimento firme nas vendas tanto de máquinas agrícolas como de terras. Impulsionada pela agroenergia, as lavouras de cana provocaram uma forte valorização no preço da terra especialmente no Centro-Oeste.

O corretor profissional especializado em terras, Eugênio Perón Filho, conta que, desde a explosão do etanol, o preço da terra para agricultura dobrou, no sul do Mato Grosso do Sul e o mercado travou.

"Com a procura, por investidores, de áreas para a instalação de usinas de álcool, os preços das terras vizinhas a essas regiões subiram e não há fechamento de negócios", conta ele. Segundo o corretor, o momento atual no mercado de terras é de impasse: todos estão na expectativa do início do funcionamento dessas usinas, mas isso pode demorar dois anos ou mais. O corretor destaca que essa paralisação dos negócios com valorização apenas nominal é generalizada: ocorre no Tocantins e Maranhão.

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