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Produtores aumentam venda antecipada de milho

Os preços em níveis mais altos que os históricos fizeram com que os produtores comercializassem o grão antes mesmo do plantio


Os preços do milho em níveis mais altos que os históricos fizeram com que os produtores brasileiros se entusiasmassem e comercializassem o grão antes mesmo do plantio. Tem gente vendendo até a safrinha. O movimento, inédito até o ano passado, deve responder por um terço das exportações previstas inicialmente para a temporada 2007/08. O chamado "efeito Europa" é um dos principais responsáveis por esta movimentação.

Até o momento foram negociadas 2 milhões de toneladas da safra que está sendo plantada e a previsão é que antes da colheita o volume chegue a 3 milhões de toneladas - para um embarque previsto de 9 milhões de toneladas. "A Europa, com certeza, será a principal compradora", diz Paulo Molinari, analista da Safras & Mercado. Pelas suas estimativas, do total negociado até agora, 1,2 milhão de toneladas terão como destino os portos europeus. Segundo ele, a maior parte das vendas ocorreu entre agosto e 10 de setembro, aquecidas pela necessidade de consumo europeu. Os países daquele continente chegaram a pagar ágio de mais de US$ 100 por toneladas - hoje gira em torno de US$ 70 por toneladas - para o milho brasileiro, que não é transgênico. Com a chegada dos primeiros embarques ao continente, o ritmo da comercialização futura diminuiu.

Hoje, praticamente só o Sul do País já está plantando o cereal - com certo atraso, devido ao clima. As consultorias do setor estimam entre 3% a 10% da área total brasileira já cultivada. "O mercado está comprador para entrega na colheita. O milho está com boa liquidez", afirma Fábio Turquino Barros, analista da AgraFNP. O produtor Rogério Ferrarin, de Lucas de Rio Verde (MT) foi um daqueles que se antecipou. Ele espera vender 30% do que vai plantar da safrinha - cuja semeadura é após a colheita de verão- antecipadamente. "Tudo vai ser para a exportação", afirma. Segundo ele, os preços estão cerca de 30% melhores que no mesmo período do ano passado.

No caso da safrinha, a comercialização muito anterior ao cultivo está ocorrendo junto com a venda dos insumos - sementes, fertilizantes e agrotóxicos. Na região de Lucas de Rio Verde, a estimativa é que entre 70% a 75% da segunda safra de milho seja comercializada antecipadamente. "O que puxou a negociação precoce foi a alta do milho no mercado internacional", diz o representante comercial da Dupont na região, Paulo Américo Esquiapati. De acordo com ele, no ano passado as negociações eram travadas entre US$ 3,50 a US$ 4 a saca. Agora saem a US$ 5,50 a US$ 6,20 a saca - até 55% a mais.

"Praticamente toda a venda antecipada é para exportação", afirma Leonardo Sologuren, da Céleres. No ano passado, havia apenas 400 mil toneladas comercializadas antes do plantio. E, naquela época, as consultorias previam uma exportação entre 6,5 a 8 milhões de toneladas. A partir da busca da Europa pelo milho brasileiro - movimento que ocorreu no início deste semestre - as estimativas foram para 10 milhões de toneladas. "Mas tudo pode mudar, não sabemos quando vai ocorrer uma nova onda da Europa", afirma Molinari. Pelas suas estimativas tanto neste mês quanto em outubro os embarques serão recordes: 1,4 milhão de toneladas.

Preço:

Apesar do recuo dos preços na última semana no mercado interno - quase 2% - o milho ainda acumula alta em 30 dias de mais de 15%. "O mercado chegou a uma saturação, mas não acredito que as cotações caiam muito", avalia Carlos Cogo, diretor da Cogo Consultoria Agroeconômica. Segundo ele, o aumento da área plantada, a previsão de uma safra maior - pode chegar a 55 milhões de toneladas - deixou o mercado "mais folgado". Por isso, em sua avaliação, ganhou quem vendeu antecipadamente, pois a tendência é que no próximo ano, diante deste quadro, os preços não se mantenham nos atuais patamares.

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