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Produtores comercializam frutas com certificação oficial de qualidade

Os profissionais trabalham em condições de higiene e segurança adequadas, controlam os insumos e o manejo integrado de solo com preservação do meio ambiente


O Rio Grande do Norte foi responsável por 80% da produção nacional de melão, no ano passado, e exportou US$ 190 milhões para o Reino Unido, Espanha, Holanda e Estados Unidos. Em Mossoró, com localização estratégica entre Fortaleza/CE e Natal/RN, o produtor José Héliton Almeida cultiva a fruta em área 180 hectares e colhe quatro mil toneladas por ano. “Emprego 150 funcionários com carteira assinada”, diz percorrendo a fazenda que lembra uma empresa com regras e normas até para visita.

Almeida, agrônomo por formação, mudou a gestão de sua propriedade para vender melão aos outros países. Hoje garante produtos seguros sem impacto ao meio ambiente, além de promover a segurança dos trabalhadores rurais. Adotou regras de produção sustentável, empregando tecnologias para controle efetivo, com monitoramento de todas as etapas, desde a aquisição dos insumos até a entrega ao consumidor.

Os profissionais trabalham em condições de higiene e segurança adequadas, controlam os insumos e o manejo integrado de solo com preservação do meio ambiente. O sistema de logística permite rastrear o produto, embalado e refrigerado, da saída da fazenda à gôndola do supermercado.

A fazenda Itaueira, a 93 quilômetros de Mossoró, na cidade cearense de Aracati, produz melão ainda em maior escala. São 500 hectares, colheita de 27 mil toneladas/ano e 650 empregados. A metade da produção fica no mercado interno. O agrônomo responsável, João José Brasil, mostra que as condições de trabalho são respeitadas ao apontar o carro com água refrigerada para os trabalhadores no campo e banheiros químicos instalados a cada 400 metros. Chegando à sede da fazenda, diz orgulhoso: “O bom é descobrir que o pulo do gato é fazer a coisa certa”.

Os produtores de melão vivem a realidade de fruticultores brasileiros, que se adequaram aos requisitos dos mercados (nacional e internacional), exigidos pela globalização, crescimento populacional e motivação para a segurança alimentar. Concluíram que a concorrência é grande e é preciso provar a qualidade da fruta brasileira.

Mercado - O comércio mundial fruticultor movimenta US$ 21 bilhões por ano e boa parte da demanda é para as frutas de clima temperado, típicas do hemisfério norte, embora seja alto o potencial de mercado para as frutas tropicais. Incluídas as processadas, esses valores superam US$ 55 bilhões.

O Brasil vende 1,8% da produção de frutas in natura e ocupa o 20º lugar entre os exportadores. A tendência é aumentar o comércio externo nos próximos anos, o que torna o momento atual oportuno para a conquista dos mercados internacionais. Para isso, o País precisa arcar com a manutenção e ampliação do agronegócio de frutas e derivados, frescas ou processadas, de acordo com a demanda.

A guinada dos fruticultores brasileiros ocorreu em 1998/1999, quando a Cadeia Produtiva da Maçã, pressionada pela União Europeia, procurou o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O principal motivo da mobilização foram as exigências de garantias do processo produtivo da fruta: compradores europeus ameaçavam não importar maçãs cultivadas pelo sistema convencional adotado.

Assim, o Mapa buscou um instrumento para orientar e garantir o processo produtivo da fruta, um sistema que, ao mesmo tempo, atendesse às exigências dos mercados compradores e fosse condizente com a realidade brasileira. E principalmente, considerasse a credibilidade e a confiabilidade do sistema e dos trabalhos que seriam desenvolvidos no País.

Sistema - O modelo padronizado pela Produção Integrada de Frutas (PIF) foi utilizado como referência pelo Mapa para instituir o Sistema Agropecuário de Produção Integrada (Sapi). A meta é o estabelecimento de Normativas Reguladoras de Produção Integrada (NRPI), para outras cadeias similares.

As frutas são certificadas por empresas auditoras, nas propriedades adeptas ao sistema, e recebem o selo com chancela do Ministério da Agricultura e do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). A certificação de produto integrado facilita a identificação e oferece garantias ao consumidor.

O sistema produz alimentos de alta qualidade, emprega mecanismos reguladores para o uso de insumos e redução de contaminantes, para assegurar a produção sustentável. Ou seja, garante a cadeia produtiva, em todas as etapas, com respeito ao meio ambiente, segurança aos trabalhadores e qualidade do produto.

Para o coordenador-geral de Sistemas de Produção Integrada do Mapa, Luiz Carlos Bhering Nasser, entre as normas obrigatórias e recomendadas estão informações sobre Boas Práticas Agrícolas (BPA), organização de produtores, comercialização, processos de empacotamento de alimentos seguros, educação ambiental, recursos naturais, nutrição de plantas, irrigação, colheita e pós-colheita. Nasser enfatiza a utilização de insumos recomendados e de tecnologias apropriadas ao manejo. “Com isso, o produtor consegue, no fim da safra, produtos de qualidade, competitivos no mercado nacional e internacional”, explica.

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