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Produtores de algodão ensaiam recuperação

A área cultivada com a cultura do algodão no País totalizou 1,09 milhão de hectares, superior 27,2% em relação à safra anterior


Após amargar duas safras consecutivas de prejuízos, produtores de algodão tentam retomar a cultura. De acordo com o 10º levantamento de grãos 2006/2007, de julho, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área cultivada com a cultura do algodão no País totalizou 1,09 milhão de hectares, superior 27,2% em relação à safra anterior. Em Mato Grosso e na Bahia, maiores produtores do País, a área cresceu 50% e 19%, respectivamente.

O produtor Nelson Vígolo, da região de Rondonópolis (MT), ilustra este novo cenário. Está ampliando suas lavouras de algodão de 14 mil hectares na safra passada para 20 mil nesta safra. "Num primeiro momento plantamos mais porque quando planejamos esta safra, em maio do ano passado, o preço da soja estava a um nível inviável de preço. Sem contar a ferrugem, que também desestimula o plantio do grão", destaca o produtor.

Mas agora, às vésperas de completar a colheita da fibra, o resultado da safra mostra-se melhor do que o esperado. "O clima ajudou muito este ano e a produtividade média deve ser de 310 arrobas por hectare", comemora. A média nos últimos anos não passou de 290 arrobas por hectare. Além disso, lembra ele, os bons preços no mercado internacional também devem ajudar a manter uma boa rentabilidade nesta safra. "Se o produtor conseguir atingir uma boa produtividade dá para equilibrar a renda."

Mesmo nos tempos de crise do setor, o produtor diz que não chegou a reduzir a área plantada com a fibra. Mas adotou algumas ações no campo para, pelo menos, não ter prejuízo com a cultura. A primeira delas, diz, é plantar o algodão apenas em áreas com solo corrigido. "Investimos em adubação e correção do solo para garantir boa produtividade. Senão, não tem jeito."

Vígolo calcula que hoje o custo de produção do algodão em suas fazendas seja de cerca de US$ 1.800 por hectare. "Contando os investimentos, inclusive no gerenciamento dos custos, aplicando os agroquímicos na hora certa, no lugar certo. Isso requer monitoramento constante nas lavouras", ressalta.

Com a produtividade média entre 290 e 300 arrobas por hectare, ele consegue rentabilidade de US$ 2.100 por hectare. "A margem de lucro é pequena. A gente tem de ganhar no volume e com eficiência na produção."

Animado com a safra deste ano, o produtor começa a planejar a próxima safra. Ele conta que arrendou uma nova área para plantio. Além da soja, o algodão também já tem seu espaço garantido. "Dos 20 mil novos hectares, vamos plantar algodão em pelo menos mais 6 mil."

De acordo com dados da Agroconsult, embora os custos de produção da safra 2006/2007 tenham caído em média 10% em relação à safra 2005/2006, a próxima safra já preocupa, principalmente por causa da alta de 26% nos preços dos fertilizantes prevista pela Conab.

"Além disso, os custos para manutenção e operação de máquinas e mão-de-obra podem representar até 25% dos custos operacionais totais da lavoura", comenta o analista Marcos Rubin.

Para o presidente da Associação Paulista de Produtores de Algodão (Appa), Ronaldo Spirlandelli de Oliveira, realmente, os custos de alguns insumos caíram e ajudaram a zerar a conta do produtor. "Porém, essa redução pode não se concretizar por causa do câmbio, que, de R$ 2,20 caiu para R$ 1,90, depreciando preços", justifica. "Caso os preços internos continuem nos níveis atuais e atrelados ao mercado internacional, esta redução não vai se realizar", argumenta o presidente da Appa.

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