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Produtores de Mato Grosso pedem ajuda federal


Com um prejuízo estimado em US$ 445 milhões nas três principais culturas agrícolas na safra 2004/2005 (algodão, soja e arroz), os produtores rurais de Mato Grosso dizem que neste ano não têm como pagar as dívidas com bancos referentes aos empréstimos tomados para investimentos.

Três fatores, segundo a Famato (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso), levaram ao prejuízo: 1) superoferta de produtos agrícolas com conseqüente redução dos seus preços no mercado; 2) aumento no custo de produção e 3) queda no dólar, que está na casa de R$ 2,60, encarecendo os produtos brasileiros no exterior.

Ajuda federal:

Na última sexta-feira, após reunião com os produtores em Cuiabá (MT), a Famato divulgou um manifesto no qual pede ajuda ao governo federal.

A entidade quer a interferência do governo para transferir o pagamento da dívida de 2005 para o ano seguinte ao vencimento do contrato. Funcionaria assim: se um empréstimo deve ser quitado até 2008, os agricultores pagariam a parcela de 2005 em 2009.

Os empréstimos se referem às linhas de financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social), como o Finame, para compra de tratores, e do FCO (Fundo Constitucional do Centro-Oeste), administrado pelo Ministério da Integração. Como é dinheiro público, a Famato recorreu ao governo.

Mato Grosso é o maior produtor de soja e de algodão, o segundo produtor de arroz e tem o maior rebanho bovino do país, com 26 milhões de cabeças de gado. O Estado reúne 80 mil produtores rurais, gera 186 mil empregos no setor e investiu R$ 7 bilhões em agronegócios nos últimos quatro anos, segundo dados da Famato.

Os sojicultores são os mais atingidos pela crise. Na sexta passada, foi criada a Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso), que deve reunir 2.500 produtores.

Eleito presidente da entidade, José Rogério Salles apresenta a perspectiva de perdas de US$ 363 milhões para a safra 2004/2005.

Com a queda de dólar e a grande oferta da commoditie no mercado mundial, segundo a Aprosoja, a saca de 60 kg deve ser vendida a US$ 8. Em janeiro de 2004, estava a US$ 14.

De outro lado, os custos de produção não atrelados ao dólar aumentaram. O resultado, conforme Salles, é que a safra deve render US$ 2,162 bilhões aos sojicultores. Mas, o custo de produção será de US$ 2,525 bilhões.

Salles não culpa só o mercado e o câmbio. "O produtor deveria ter percebido que o custo alto [de produção] seria suportado até quando o dólar estivesse na cotação de maio de 2004", afirmou.

Homero Pereira, presidente da Famato, diz que os produtores de arroz terão prejuízo de quase US$ 2 por hectare plantado. Segundo o último levantamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Mato Grosso plantou 670 mil hectares. O prejuízo será de US$ 1,28 milhão.

Algodão:

O presidente da Ampa (Associação Mato-grossense de Produtores de Algodão), João Luiz Pessa, diz que o custo de produção dessa commoditie por hectare será de US$ 1.500 e a venda do produzido neste mesmo hectare renderá US$ 1.300. Fazendo as contas, dá um prejuízo de US$ 81,2 milhões.

Pessa afirma que a crise do algodão foi amenizada pelo compromisso do governo federal de garantir o preço mínimo (R$ 44,60 por arroba) para 300 mil toneladas produzidas. Para tanto, o governo usa o PEP (Prêmio por Escoamento de Produção). Nesse mecanismo, o comprador que adquirir o algodão pelo preço mínimo recebe um prêmio (R$ 0,42 por kg no leilão de dezembro) de compensação.

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