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Produtores de soja do RS reafirmam que continuarão plantando trasngênicos


Produtores de soja no Rio Grande do Sul não se intimidaram com a Medida Provisória 113 - que prevê punição para quem plantar transgênicos na próxima safra - e estão decididos a manter o cultivo com sementes geneticamente modificadas. O clima de rebeldia está instalado nas regiões Central, do Alto Jacuí, Norte e Missões, responsáveis por mais de 50% da produção de soja no Estado.

Não há segredo nas lavouras que estão sendo colhidas, nos armazéns encarregados de receber o produto ou nas lojas de insumos agrícolas. A maioria está reservando entre 2% e 5% da produção transgênica para plantar a próxima safra, a partir do segundo semestre.

O presidente do Clube Amigos da Terra de Ibirubá, Robson Paloschi, acredita que quase 100% dos produtores da região do Alto Jacuí - que plantaram 300 mil hectares no ano agrícola 2002/2003 - vão optar pelo cultivo de transgênicos. É a mesma posição do agricultor Almir Rebello, presidente do Clube Amigos da Terra de Tupanciretã, na região central do Estado, responsável por 111 mil hectares de soja:

"Os transgênicos mudaram a vida dos municípios. Não vamos recuar", garante.

A opção, segundo Paloschi, não tem cunho político. É questão de contabilidade mesmo. O dirigente aponta que, na região, a produtividade do transgênico já colhido tem oscilado entre 3,3 mil quilos e 3,9 mil quilos por hectare. O rendimento médio da soja convencional no Estado é de 2,7 mil quilos por hectare. Os produtores do Alto Jacuí dizem que reduziram os custos com insumos para um equivalente entre 11 e 15 sacas por hectare. Com a soja tradicional, oscilavam entre 17 e 20 sacas por hectare.

"Os números mostram que não há razão para mudar. Os agricultores seguram a semente transgênica, convencendo inclusive quem semeou a soja convencional na última safra", ressalta. Além do aumento de produtividade, a soja transgênica permitiu uma redução significativa na aplicação de agroquímicos, segundo Rebello. O volume líquido de químicos aplicado por hectare teria passado de três quilos para 1,44 quilo nas últimas quatro safras.

Na região de Almirante Tamandaré do Sul, no norte do Estado, os produtores dizem que não "arredarão o pé" da idéia de plantar transgênicos. Esse é o recado do agricultor E.S., que cultivou 80 hectares de soja geneticamente modificada e outros 20 hectares com a semente convencional nesta safra.

E.S. revela que, por precaução, guardará sementes de ambos os tipos. Caso os transgênicos não sejam liberados definitivamente, garante que, como os demais agricultores da vizinhança, insistirá na ilegalidade. "Temos o direito de escolher o melhor para nós. Vamos trancar rodovia, o banco e o que for possível. Se é para sermos presos, vamos todos juntos", afirma.

O sócio de uma agropecuária no noroeste gaúcho está irredutível: continuará plantando soja transgênica na próxima safra. Com 1,4 mil hectares da oleaginosa modificada cultivados em Boa Vista do Cadeado, o produtor garante que a classe vai lutar pela liberação dos transgênicos. Diz que, caso o governo insista em proibir, os agricultores estão determinados a parar de produzir. - Vai sair a Guerra dos Farrapos de novo. O produtor não vai se afrouxar. Vamos pelear com o governo - afirma.

"Vai sair a Guerra dos Farrapos de novo. O produtor não vai se afrouxar. Vamos pelear com o governo", salienta. O agricultor acredita que a opinião pública desconhece a transgenia, e por isso há restrições quanto ao cultivo, apesar do consumo de vários produtos transgênicos já ocorrer. E desafia pesquisadores a provarem que a soja transgênica prejudica a saúde.

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