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Produtores devem ampliar área cultivada de transgênicos

Com a oferta crescente de sementes, produtores devem ampliar área cultivada de transgênicos, mas a Seab alerta sobre os riscos


Com a liberação do plantio de milho transgênico para a próxima safra, que tem início de plantio previsto para setembro, a tendência é de que mais produtores optem pelo híbrido. O motivo é a lagarta-da-espiga, que comprometeu a qualidade de grande parte do milho produzido na última safra. A semente transgênica seria uma das alternativas para o combate da praga, atingindo eficiência de 100%, dada a sua resistência.

Das 1,35 milhões de toneladas de milho colhidas na safra passada, em quase 190 mil hectares, cerca de 15% da produção foi atingida pela lagarta. "O parasita se alimenta dos grãos do milho, mas o maior problema são as perfurações que ele deixa na espiga, fazendo com que a umidade penetre. Isso acaba tendo efeito negativo na qualidade e, consequentemente, no preço do produto", afirma José Roberto Tosato, Engenheiro Agrônomo do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab).

Segundo o engenheiro, para não arcarem com novo prejuízo, muitos produtores já estão sinalizando interesse em plantar o milho transgênico. "No ano passado havia apenas uma lavoura em Palmeira cultivando transgênico. Agora os produtores, com a regulamentação e também por conta dos problemas com a lagarta, devem aderir ao transgênico", explica.

O valor comercial do milho comercial atingido pela praga pode sofrer um decréscimo de até 30%. Ainda assim, a maioria dos agricultores deverá optar pelo plantio tecnificado convencional (não-transgênico). Douglas Taques Fonseca afirma que o plantio de transgênico ainda tem um custo alto, que não compensa os benefícios. "Apesar da lagarta-da-espiga ser de difícil controle, optei pelo uso de inseticidas. Mas o principal motivo desta opção é a dificuldade de comercialização de transgênicos, já que muitas indústrias não aceitam o produto", afirma.

A região começa a despontar como forte produtora de agroecológicos e orgânicos, motivo pelo qual técnicos e engenheiros se mantém atentos às conseqüências dos transgênicos, que ainda não contam com estudos aprofundados que garantam a segurança do consumidor. "A maior preocupação é a contaminação das sementes crioulas", afirma o engenheiro agrônomo Marcelo Silva, fiscal da Seab. "Além disso, a eficácia do milho transgênico como inseticida é discutível, pois a lagarta pode se tornar tolerante ao princípio da planta, como já ocorreu com os eventos de milho transgênico herbicida", completa.

Produtores não respeitam limites impostos pelo governo federal

Como o Governo do Estado não tem poder para punir irregularidades por meio da fiscalização das propriedades, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab) enviou um ofício nesta semana a diversos órgãos do Governo Federal cobrando maior rigor na regulamentação do plantio do milho transgênico no Paraná. Em entrevista ao Jornal da Manhã, o secretário Walter Bianchini esclareceu que o objetivo é provar a ineficácia dos critérios das barreiras estabelecidas para evitar a contaminação. "Os 20 metros não se mostraram suficientes nas regiões onde houve a safrinha do milho, e ainda constatamos que os produtores não pretendem respeitar estes limites", assinala.

A hipótese de que a barreira de 20 metros asseguraria a segregação, evitando a contaminação, é questionada pelo engenheiro da Seab, Marcelo Silva. "Estamos comprovando a ineficácia da medida estabelecida por uma mera comissão de Âmbito federal, e já solicitamos que a fiscalização efetiva seja delegada ao Estado, saindo da competência do Governo Federal, que no nosso entender não dispõe da qualificação necessária para tal", aponta Silva.

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