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Produtores do Alto Camaquã dão primeiro passo para mercado institucional

Cerca de 30 produtores assinaram a declaração de participação no projeto de comercialização de carnes que será enviado, em dezembro, à Companhia Nacional de Abastecimento


Na quarta-feira (23), representantes da Associação para o Desenvolvimento Sustentável do Alto Camaquã (ADAC) se reuniram com a CoopCarnes de Hulha Negra (RS) e a Emater/RS-Ascar no auditório da Embrapa Pecuária Sul, em Bagé (RS). O objetivo do encontro foi discutir e definir a participação dos pecuaristas familiares do território do Alto Camaquã – abrangido pelos municípios de Bagé, Caçapava do Sul, Lavras do Sul, Pinheiro Machado, Piratini e Santana da Boa Vista – em programas institucionais dos governos estadual e federal que promovem o acesso a alimentos pelas populações em situação de insegurança alimentar.


Cerca de 30 produtores assinaram a declaração de participação no projeto de comercialização de carnes que será enviado, em dezembro, à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A CoopCarnes fará, inicialmente, a intermediação entre os pecuaristas do Alto Camaquã e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e, posteriormente, junto às prefeituras, com o Projeto Merenda Escolar, o que permitirá a venda de animais criados a pasto para abate a preços acima dos normalmente praticados. Os articuladores da Rede Alto Camaquã esperam a participação de 50 produtores no total.

Segundo o responsável pela administração da CoopCarnes, Émerson Capelesso, a assinatura da declaração Título 30 do Manual de Operações da Conab (MOC) é apenas a primeira etapa. “Hoje, os pecuaristas familiares do Alto Camaquã estão assinando o projeto técnico a ser avaliado pela Conab, que o aprovará ou não. É preciso uma série de quesitos para o pequeno produtor, como ter a declaração do DAP (Declaração de Aptidão do Produtor, controlado pelo Ministério de Desenvolvimento agrícola que comprova a condição de agricultor familiar), além da garantia de que ele comercializará somente o próprio rebanho”, explica.


Oportunidades
Com o PAA, o produtor poderá vender no máximo o equivalente a R$ 4.500 por ano, a um preço final de R$ 7,15 por quilo de carcaça bovina, de acordo com o rendimento, não incluindo nesse valor os custos de produção e logística. Já com o Programa Nacional de Merenda Escolar (PNAE), conhecido como Merenda Escolar, o valor estimado a ser pago pela Conab será R$ 4.500 mais a um sobreteto de R$ 20 mil por ano e por produtor. Os pagamentos aos produtores serão realizados em cheques nominais de 25 e 35 dias após a entrega dos animais, juntamente com as prestações de conta. “No entanto, se o produtor não quiser entregar os animais por não achar os preços competitivos, ele será substituído por outro produtor, ou seja, não é uma camisa-de-força”, explica Capelesso.


Para o Presidente da ADAC e Secretário de Desenvolvimento Econômico de Piratini, Roger Morales, esta é uma ótima oportunidade de inserção no mercado para o qual a Rede Alto Camaquã vem se preparando, pois o pecuarista familiar conseguirá vender seus produtos sem a figura do atravessador e com preço garantido. “O Alto Camaquã, ao se inserir nesse processo, terá muitas portas abertas e, juntos com a cooperativa, podemos construir todas as questões envolvidas no processo para o qual vimos nos preparando por meio do desenvolvimento endógeno e do melhoramento do campo nativo. O mercado institucional está se apresentando agora, com a possibilidade de estarmos presentes na cesta básica de famílias carentes, na merenda escolar e, possivelmente, em presídios”, disse o Presidente da Associação de Desenvolvimento sustentável do Alto Camaquã aos pecuaristas, destacando apoio da ADAC e da Embrapa.

Normalmente, o pequeno pecuarista encontra muitos problemas na venda dos animais, como preços defasados oferecidos pelo atravessador, calote na hora do pagamento e a falta de condições de transporte para os grandes centros. Em Piratini, no entanto, a prefeitura já garantiu o apoio no transporte dos animais, que deverão ser recolhidos nas propriedades, formando cargas, e depois transportados até os grandes centros. “Um dos maiores entraves para o pequeno produtor é a impossibilidade de transportar um ou dois animais para o abate, por isso o apoio das prefeituras vai ser muito importante para reduzir os custos com a logística”, explica Morales.

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