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Produtores do Mato Grosso discutem endividamento

Reunião deveria buscar solução junto aos credores privados, mas apenas a Amaggi esteve representada


O agronegócio mato-grossense está atolado em dívidas que começam a vencer no dia 30. Temendo a inadimplência que deságua na quebradeira, entidades do setor defendem uma negociação com cheiro de alongamento coletivo. Outras vozes, inclusive a do governador Blairo Maggi, entendem que cada caso tem que receber tratamento individual. Trocado em miúdos, os produtores batem cabeça enquanto o relógio credor encurta o tempo para o recebimento.

Isso é o que se viu ontem, numa reunião promovida pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), durante a quarta edição da Agrishow Cerrado, que está sendo realizada em Rondonópolis (210 quilômetros ao Sul de Cuiabá).

Todos os elos da cadeia do agronegócio que participaram da reunião concordam que o endividamento é alto, a carga tributária exorbitante, a ferrugem asiática onera o custo da produção, problemas climáticos foram nocivos à produtividade, que os portos de Paranaguá e Santos estão estrangulados, as rodovias federais se encontram em péssimo estado de conservação e a recuperação do real diante do dólar rouba parte da lucratividade.

O que nenhuma das entidades participantes sabe é quanto se deve, a quem se deve, qual o percentual de risco de inadimplência sobre o endividamento. Também ninguém conhece a quebra da safra causada pela estiagem e o excesso de chuvas. Mesmo trabalhando no “achômetro” o presidente da Famato, Homero Pereira, insiste em compartilhar o problema com os parceiros industriais do agronegócio, a exemplo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) e a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), que são dois dos principais credores dos produtores rurais.

Pereira convidou a Andef e Anda para a reunião. Nenhuma delas mandou representante, o que sinaliza que não estariam dispostas à quebra de contratos com os produtores. O Banco do Brasil e pelo menos uma trade, a Amaggi, compareceram à mesa de negociação.

O superintendente do Banco do Brasil, Dan Conrado, destacou que não há reivindicações dos produtores sobre o Moderfrota, que no ano passado despejou rios de dinheiro para a modernização da frota de tratores. Isso, porque os contratos de financiamento assinados em 2004 têm dois anos de carência. Seria absurdo discutir uma situação assim. Conrado citou que em 2004 o BB financiou em custeios e investimentos em Mato Grosso, R$ 3,1 bilhões, e que o endividamento para o cultivo de lavouras comprovadamente afetadas por problemas climáticos será negociado sem prejuízo a contração de novos empréstimos.

O governador disse que na sua posição faz tudo que é possível para que os problemas climáticos que causaram frustração de safra sejam mapeados e que em se constatando fatos reais que comprovem a necessidade de decretação de estado de emergência, providenciará a oficialização desse quadro, o que permitirá ao produtor encontrar amparo na legislação para se proteger de prejuízos. E falando enquanto produtor e pela trade de sua família, a Amaggi, pediu ao presidente da Famato, Pereira que estratificasse o endividamento porque cada caso é um caso. Lembrou que a AMaggi em 2004 financiou o equivalente a US$ 120 milhões aos produtores, e que desse montante somente US$ 1,2 milhão ainda estão em aberto.

O presidente do Sindicato Rural de Lucas do Rio Verde (360 quilômetros ao Médio Norte de Cuiabá), Helmute Lawisch, discordou do governador e defendeu um alongamento amplo, geral e irrestrito.

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