Produtores do PR diagnosticam avanço da broca no café adensado
A praga tem aumentando significativamente desde o ano de 2005
Com o objetivo de incentivar a produção de café no Paraná a partir da década de 90, o governo instituiu o método de plantio adensado, que ainda sofre com pragas como a broca-do-café. O programa de revitalização da cafeicultura paranaense também foi criado para superar o trauma deixado entre o produtores com a geada negra de 1975, responsável por dizimar parte das lavouras do Estado.
Conforme técnicos, o sistema tradicional abriga pelo menos de 3 mil pés de café por hectare, enquanto no método adensado podem ser plantadas até 12 mil. A produção média no primeiro caso é de 15 sacas por hectare. No segundo, a colheita média é de 35 sacas. O ciclo produtivo e a vida dos cafezais são semelhantes nos dois sistemas.
De acordo com o líder do Programa Café do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Armando Androcioli Filho, a broca-do-café, ferrugem e o bicho-mineiro são os principais problemas encontrados nas lavouras de café adensado do Estado.
Ele ressalta que o Iapar lançou variedades resistentes à ferrugem. Em 2004, o instituto projetou o IPR-99, variedade que produz frutos amarelos, de ciclo tardio, e extremamente resiste às pragas. "A variedade IPR-98, lançada em 1998, também é bastante resistente à ferrugem", acrescentou Androcioli.
No município de Santa Fé (a 60 km de Maringá), a broca tem atacado cafezais. Conforme relatos de alguns produtores, a praga tem aumentando significativamente desde o ano de 2005.
Produtor
O cafeicultor Claudinei Sussai, 45, trabalha com a cultura desde criança. Ele diz que o custo para o controle das pragas é relativamente baixo, mas o trabalho é grande.
"A broca é a praga que me dá mais dor de cabeça. Se não cuidar, ela pode comprometer toda a produção. É preciso fazer aplicações de inseticida regularmente para ela não provocar grandes estragos", contou o produtor.
Sussai cultiva seis hectares de café na propriedade rural e espera colher pelo menos 260 sacas neste ano. "O bichinho fura o caroço e come a semente. Enquanto o fruto do café ainda tem água ele não entra. A chuva dos últimos dias tem atrapalhado no controle da praga, porque impossibilita a pulverização", afirmou.
O engenheiro Agrônomo da Emater em Santa Fé, Laércio Tomazela, credita às chuvas o aumento de pragas nos cafezais de municípios da região. Ele ressalta que o ambiente úmido e o calor propiciam a proliferação do inseto.
"No sistema adensado, as plantas estão mais juntas, fator que possibilita condição de umidade. A broca é uma das pragas mais antigas, como ela estava controlada, os agricultores relaxaram um pouco e ela voltou", acrescentou o engenheiro da Emater.
Tomazela relata que o melhor controle para a broca ainda é não deixar restos de grãos na roça depois da colheita. "A praga se prolifera nos grãos. Ao ser fecundada, a fêmea perfura o fruto e forma uma galeria de aproximadamente 1 milímetro até atingir a semente. Lá, ela faz a postura, que resultará no aparecimento de mais larvas", explicou Tomazela.
Principais pragas do café
Broca - O inseto, na sua forma adulta, é um pequeno besouro. A fêmea possui aproximadamente 1,65 mm de comprimento por 0,73 mm de largura. Os frutos chumbinhos não são os preferidos, mas também são atacados. Quando não há controle, o inseto pode comprometer a produção.
Bicho-mineiro - Praga de origem africana, encontrada no Brasil a partir de 1851. Provavelmente entrou no país através de mudas de café provenientes das Antilhas e da Ilha de Bourbon. O bicho-mineiro na fase adulta é uma mariposa de cerca de 6,5 mm de envergadura e 2,2 mm de comprimento, de coloração branco-prateada, que se transforma em lagarta. O inseto ataca as folhas do cafezal. As regiões destruídas vão secando e a área atacada aumenta com o próprio desenvolvimento da lagarta. Em regiões atacadas, verifica-se a retração da área foliar fotossintética, diminuindo a produção na safra do próximo ano.
Ferrugem - É a mais comum das doenças que atacam os cafezais. A ação da praga provoca queda precoce das folhas e a secagem dos ramos. A conseqüência é o retardamento da produção na safra seguinte. Os prejuízos provocados pela doença podem ser representados por queda de aproximadamente 35% na produtividade.