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Proibição da queima reduz safra de cana de SP em 20%

Em São Paulo, pouco mais de 60% da cultura é colhida crua por meio da mecanização, enquanto até 40% são feitos pela queimada


SÃO PAULO - São Paulo pode ter até 20% da safra de cana-de-açúcar afetada em função da atual baixa umidade relativa do ar. Este saldo, que não foi colhido, pode ficar ainda mais comprometido uma vez que a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) proibiu, ontem(26), a queima da palha em todo o estado.

Em São Paulo, pouco mais de 60% da cultura é colhida crua por meio da mecanização, enquanto até 40% são feitos pela queimada.

Ontem, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) apresentou uma nova projeção para a moagem, que será de 570,191 milhões de toneladas, uma redução de 4,3% em relação ao total estimado pela entidade em março deste ano - 595,89 milhões de toneladas -, e crescimento de 5,2% sobre o valor final da safra 2009/2010, com 541,96 milhões de toneladas. A União realizou, em março, uma estimativa, a qual foi revista agora devido à seca.

"Aproximadamente 20% do canavial ainda precisa ser colhido com a queima. A alternativa é a colheita a mão, mas o ritmo é lento", afirmou Luiz Antonio Paes, gerente de Produtos Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). Marcos Sawara Jank, presidente da Unica, contou que o processo de mecanização está acelerado. "São cerca de 600 máquinas por ano. É o que as empresas conseguem comprar das indústrias", disse. E completou: "As queimas vêm reduzindo ano após ano".

Segundo Paes, Ribeirão Preto e Piracicaba - ambas localizadas no oeste paulista e importantes na produção de cana-de-açúcar - são as regiões que mais sofrem com a atual baixa umidade relativa do ar. De acordo com Paes e o diretor Técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, as duas são responsáveis por quase 40% do cultivo da planta no Estado.

A Unica informou que, desde abril deste ano, as chuvas nas principais regiões produtoras ficaram significativamente abaixo da média histórica. Ainda de acordo com a instituição, em algumas regiões, como em Ribeirão Preto, o volume de chuvas dos meses de maio a junho é o terceiro menor dos últimos 20 anos. Essa condição climática afetou a lavoura e diminuiu a disponibilidade de cana para moagem em 47 milhões de toneladas. São Paulo representa 70% de toda a produção do centro-sul e 60% do País.

De acordo com Rodrigues, a recente projeção de moagem (570,191 milhões de toneladas) representa uma quebra de até 8% em relação ao volume total de cana no campo no início da safra (que estava entre 610 e 620 milhões de toneladas).

A falta de água dificulta o acúmulo de biomassa pela planta. Em agosto, a produtividade média do canavial no centro-sul deve ficar cerca de 7% abaixo do valor observado no mesmo período da última safra. Com o clima seco, a cana de final de safra poderá ser colhida com menos de 12 meses, divulgou a entidade. Segundo a Unica, o clima seco possibilita um incremento na concentração de açúcares na planta. Até 15 de agosto de 2010, a quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana ficou 4,42%, ou 135,54 kg, acima do valor do mesmo período de 2009- 129,80 kg de ATR por tonelada.

Safra 2010/2011

Para Jank, a produção de cana-de-açúcar do País pode passar por aperto, quando atender a demanda crescente de etanol. O executivo comentou que isso está atribuído à expansão da frota de veículos bicombustíveis aumenta em ritmo muito forte, com cerca de três milhões de novas unidades vendidas a cada ano. "Os dados apontam para uma potencial alta da demanda", afirmou o presidente da Unica.

A entidade estima que, para a safra 2010/2011, quase 44% será para a produção de açúcar, acréscimo de 43,29% divulgados no início da safra. Para o etanol, será destinado 56,06%. A produção de açúcar na Região Centro-Sul deve ser de 33,73 milhões de toneladas, uma queda de 1,06% em relação à primeira estimativa e aumento de 17,75% em relação ao produzido na última safra. A produção de etanol pode bater 26,4 bilhões de litros, redução de 3,66% em relação ao número projetado inicialmente e crescimento de 11,4%, ante o produzido no último ciclo.

A expectativa dos usineiros é de aumento de exportação de açúcar em 8,59% e pode alcançar 22,75 milhões de toneladas na safra 2010/201. De abril a julho, as vendas externas de açúcar foram de 8,88 milhões de toneladas - acréscimo de 10,86% em relação à última temporada.

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