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Projeto “Alimentos bons, limpos e justos” cria Fortaleza no território dos Kalunga

No Brasil pelo menos 17 novas Fortalezas serão criadas durante a execução do projeto


O coco indaiá e o gergelim, produzidos por quilombolas Kalungas, no estado de Goiás, serão catalogados no projeto “Alimentos bons, limpos e justos”. Nos dias 27 e 28 de maio, uma equipe do projeto, com representante da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), da Universidade de Brasília (UnB) e do movimento Slow Food, visitou a região para criar a Fortaleza. O projeto trabalha para a ampliação e qualificação da participação da agricultura familiar brasileira no movimento Slow Food. 

Nadiella Monteiro, consultora para o Slow Food na Sead, explica que para a criação das Fortalezas são escolhidos os alimentos que estão ameaçados de extinção e precisam de atenção para não sumirem da mesa do brasileiro. “Alguns alimentos precisam ser salvos da extinção. Quando um produto precisa ser mais produzido, mais consumido e mais vendido para ser salvo, é possível criar uma Fortaleza. É um espaço que tem como função proteger e, consequentemente, fortalecer aquele alimento”, explica Nadiella.

As Fortalezas começaram a ser implantadas na década de 90. Foram criadas para preservar um produto tradicional ou uma técnica de produção com risco de ser extinta, como no caso de pesca, produção animal, processamento ou cultivo. O referido projeto busca conservar também paisagens rurais ou ecossistemas em risco de extinção, com ações de sustentabilidade ambiental (limpo) e socioeconômica (justo), garantindo viabilidade futura para os produtos tradicionais.

No Brasil, pelo menos 17 novas Fortalezas serão criadas durante a execução do projeto, além do fortalecimento de outras 10 já existentes: castanha de baru, arroz vermelho, guaraná nativo Sateré-Mawé, licuri, maracujá da caatinga, mel de abelha canudo, mel de abelha mandaçaia, palmito juçara, pinhão da Serra Catarinense e umbu.

Durante a visita ao território dos Kalungas, a Sead fez reuniões para apoiar os produtores rurais a solucionarem as dificuldades, as ameaças e a criarem oportunidades referentes aos alimentos produzidos nos meios rurais. Um dos objetivos do encontro foi discutir as fortalezas que validarão os produtos que estão em estágio de fortalecimento. 

Quatro comunidades participaram da atividade: Vão de Almas/Ema, Vão do Moleque, Engenho II e Riachão – todas do Nordeste Goiano, na região de Chapada dos Veadeiros, que compõem a maior comunidade quilombola do Brasil. Em cada uma delas houve a participação de cerca de 50 pessoas, além de facilitadores, representantes da Universidade de Brasília (UnB) e da Sead. Segundo a coordenadora regional pela UnB, Janaína Diniz, os produtos que correm risco de extinção receberão toda a atenção. “É uma forma de divulgar que aquele produto é importante. Que é preciso fortalecer a estrutura produtiva e identificá-los com garantia de padrão de qualidade”, afirma.

Atividades

Em cada local onde é criada uma Fortaleza, há atividades com as comunidades locais: visitas técnicas para diagnóstico dos gargalos; reuniões institucionais com atores locais; definição e adoção de um protocolo de produção e capacitação ou intercâmbio para o aperfeiçoamento dos processos desenvolvidos pelas Fortalezas. Também haverá intercâmbio com outras Fortalezas. Qualquer pessoa pode participar e associar–se ao movimento Slow Food (leia aqui para saber mais). 

Outra atividade do Slow Food

No último domingo (28 de maio), na Estrada Geral de Coqueiros Angelina, Santa Catarina, aconteceu o 4º encontro de articulação da rede catarinense de engenhos de farinha. O evento teve atividades para discutir se a farinha será catalogada no projeto “Alimentos bons, limpos e justos”.

O encontro teve duas principais vertentes: atividades do projeto Slow Food para criação da Fortaleza da farinha de mandioca e o inventário dos engenhos, como bem cultural e material Brasileiro. 

O engenho participou da primeira etapa para criação da Fortaleza, que foi o diagnóstico, que apontaram duas redes de capacitação. Em seguida, será feito o protocolo de produção, e por fim, a criação da Fortaleza. 

Facilitadora do movimento Slow Food na região Sul, Giselli Miotto, diz que a criação da Fortaleza é um passo à frente para os engenhos, como forma de amadurecimento da rede, no sentido de comercialização. “A Fortaleza traz uma troca de saberes, oportunidade de união entre os produtores como valorização do ‘saber fazer’ da farinha, mostrar como ela é feita, que é artesanal, que tem tradição e isso agrega valor ao produto”, diz.

Giselli Miotto diz ainda que o Slow Food abre novos mercados e incentiva outros engenhos que estão parados ou que estão pensando em desistir. Mais de 50 pessoas que fazem parte dos engenhos, divididos em agricultores familiares, instituições públicas e ONGs estiveram no evento.

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