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Prorrogação de parcela não tranqüiliza cotonicultores


O custo da produção do algodão na região de Primavera do Leste (239 quilômetros ao Sul de Cuiabá), no Mato Grosso, aumentou cerca de 60% em relação a safra anterior e isso vem deixando os produtores preocupados, principalmente porque o cenário atual mostra a arroba do algodão sendo comercializada abaixo do preço mínimo estabelecido pelo governo Federal. Essa situação motivou o Banco do Brasil a prorrogar para janeiro o vencimento da penúltima parcela do custeio da safra 03/04 como forma de assegurar mais prazo para que o produtor venda os estoques do produto e cumpra com seus compromissos financeiros.

A medida adotada pelo Banco do Brasil em prorrogar a parcela de dezembro e sinalizar com a possibilidade de prorrogar também a última parcela do custeio que vence em 15 de janeiro agrada aos produtores, mas de acordo com o presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), João Luiz Ribas Pessa, só isso não é o suficiente para garantir a tranqüilidade dos produtores.

Pessa defende que o pagamento das parcelas do custeio seja atrelado a oferta do produto que cada cotonicultor tem, ou seja, à medida que o produtor vende o algodão, ele vai quitando seus compromissos com o Banco. Ele explica que com o aumento do custo de produção e os baixos preços da arroba da pluma mal tem permitido aos produtores pagarem o custeio, quem dirá os investimentos feitos em máquinas, equipamentos e armazenagem.

O presidente da Ampa defende ainda que além do atrelamento do vencimento das parcelas de custeio à venda do produto, sem que fosse estabelecido um prazo para o pagamento, o governo Federal deveria ainda, prorrogar as parcelas dos investimentos feitos em armazenagem, máquinas e equipamentos que vencem em 2005 para o ano seguinte ao término do contrato. “Essa seria uma sobrevida para os produtores. Isso vai garantir que o Brasil continue produzindo no mesmo ritmo”, sugere Pessa.

O presidente lembra que a intenção dos produtores não é pedir desconto, o perdão das dívidas ou uma moratória. “O que estamos pedindo é um prazo maior para que não tenhamos que vender o produto a qualquer preço e assim podermos honrar nossos compromissos”, frisa Pessa.

Ele sinaliza ainda uma outra solução, a compra dos estoques de algodão dos produtores pelo governo Federal. “Se o Governo comprar o nosso estoque poderemos pagar nossos compromissos”, alerta.

Pessa acredita que o Banco do Brasil vai acabar concordando com a proposta dos produtores de atrelar o pagamento das parcelas de custeio à venda do algodão. “Nós tivemos duas conversas com o vice-presidente de Agronegócios e Governo do Banco do Brasil, Ricardo Conceição, e ele nos reafirmou que a instituição é parceira e que entende o momento ruim de preços que vem ocorrendo em nível internacional. Agora esperamos que os demais bancos também adotem a mesma postura, assim como os nossos fornecedores”, avalia o presidente da Ampa.

Dívida:

Com o adiamento, cerca de R$ 40,2 milhões estão passíveis de prorrogação, de um total financiado de R$ 201,2 milhões na safra passada no Estado. A mudança na data do pagamento não é automática e deve ser solicitada pelo produtor em qualquer agência do Banco.

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