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Protesto mobiliza 35 mil agricultores no Rio Grande do Sul


Milhares de agricultores estiveram mobilizados durante a quinta-feira em Porto Alegre e no Interior do Estado. Pela manhã, cerca de 2 mil pessoas ligadas ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) marcharam de Canoas até a Capital. Ontem foi o terceiro dia de mobilização desses manifestantes. A Marcha Por um Brasil Sem Fome chegou a congestionar a BR 116 e algumas vias do Centro de Porto Alegre. O movimento calcula que 4,5 mil pessoas estiveram reunidas ontem na Capital. Em todo o País, as mobilizações do MPA reuniram 35 mil produtores em 16 estados.

A primeira parada dos produtores foi na sede do Banco Central da Capital, onde foi entregue um documento com reivindicações endereçadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na pauta está o pedido para que o governo se coloque contrário à Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e para que ocorra a renegociação das dívidas dos pequenos agricultores. "Também reafirmamos a nossa contribuição ao programa Fome Zero. Entretanto, para podermos ajudar, precisamos de verbas de custeio, investimento e manutenção da produção", salienta o coordenador do MPA, Plinio Simas.

À tarde, os manifestantes estiveram reunidos com o governador do Estado, Germano Rigotto. Entre as reivindicações, o grupo cobrou do governo uma postura contrária à liberação da transgenia sem que exista a comprovação da ciência de que os organismos geneticamente modificados não causam danos ao meio ambiente.

O governador ressalta a decisão de manter a pesquisa sobre o assunto. Ele também pretende manter programas como o da habitação rural - que prevê a implantação de mais de 2 mil casas no interior - e o Mais Alimento. "Na questão do seguro agrícola, também considero que a atual política não satisfaz, uma vez que atende parte da safra de uva e menos de 5% da de milho. Vamos ter de ampliar o atendimento para o milho, garantindo maior produção para reforçar a melhoria da indústria avícola e da suinocultura", afirma Rigotto. Simas garante que o MPA vai cobrar o cumprimento das reivindicações.

Também ontem, em Não-Me-Toque, aproximadamente 5 mil produtores participaram de manifestação na Praça Central do município. O movimento, que inicialmente foi planejado pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag) e pela Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro) acabou recebendo a adesão de representantes de outras entidades. O manifesto também reuniu mais de 1 mil máquinas que participaram do tratoraço que saiu pela manhã de Ibirubá.

O motivo da mobilização foi a definição para a comercialização da soja gaúcha. Os agricultores criticaram a lentidão do governo no impasse dos transgênicos e pediram uma posição sobre a próxima safra.

A oferta de sementes também preocupa. Os fabricantes de sementes dizem que há produto convencional para repetir a área cultivada no Estado (3,5 milhões de hectares) na próxima safra, mas algumas entidades não demonstram a mesma certeza. "Não arriscaria dizer que vamos ter sementes em quantidade suficiente", diz o presidente da Fecoagro, Rui Polidoro Pinto. Na próxima segunda-feira, os produtores vão se reunir na Fetag para definir as próximas ações.

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