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Publicação apresenta estimativa de emissão de metano proveniente da cultura de arroz inundado em SP

Arroz possui tecido vascular que favorece a troca de gases entre as raízes e os tecidos acima da superfície da água


Arroz possui tecido vascular que favorece a troca de gases entre as raízes e os tecidos acima da superfície da água

Em 2006 o Painel Intergovernamental de Mudança do Clima (IPCC, na sigla em inglês) disponibilizou novas orientações para a elaboração de inventários de emissão de gases de efeito estufa, sendo que em vários setores de atividades existem diferenças importantes em relação aos métodos anteriores.

Pensando nisso, foi disponibilizada uma publicação de 34 páginas de autoria dos pesquisadores Magda Lima da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) e Omar Vieira Villela da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta Regional) de Pindamonhangaba, SP, que utiliza o método mais recente que trata das estimativas de emissão de metano (CH4) pelo cultivo de arroz irrigado por inundação (IPCC, 2006) para o Estado de São Paulo no período de 1992 a 2009.

O estudo objetivou principalmente apresentar estimativas de emissão de metano realizadas para o Estado de São Paulo, seguindo o "método do IPCC de 2006", além das Guias de Boas Práticas e Gerenciamento de Incertezas em Inventários Nacionais de Gases de Efeito Estufa (IPCC, 2000), de modo a verificar o impacto do uso deste método nas estimativas de emissão de GEEs (gases de efeito estufa), em relação aos resultados oficialmente apresentados no 1º Inventário Estadual de Emissão de Gases de Efeito Estufa.

De acordo com os pesquisadores, o método do IPCC de 2006 possui detalhes diferenciados em relação ao método recomendado pelo Revised 1996 - IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories, pois leva em conta características adicionais do cultivo, um fator de emissão diário e não sazonal, entre outros aspectos.

Cultivo de arroz e emissão de metano

O arroz é uma planta semiaquática provida de aerênquima, tecido vascular que favorece a troca de gases entre as raízes e os tecidos acima da superfície da água, permitindo o transporte de O2   atmosférico (oxigênio) para as raízes, e de outros gases, como o CH4 (metano) produzido no solo anaeróbio para a atmosfera.

O Estado de São Paulo é um tradicional produtor de arroz, embora não esteja entre os maiores produtores do país, apresentando em 1990 uma área total aproximada de 219 mil hectares de arroz. Em 2000 esta área foi reduzida a cerca de 52 mil hectares e em 2014 a apenas 14 mil hectares. Esta redução deveu-se a vários fatores, entre os quais a oferta de arroz por outros Estados mais competitivos, bem como a limitações relacionadas à legislação ambiental, com proibição de uso de áreas de preservação permanente (várzeas). É no Vale do Paraíba que se concentra a grande parte da produção de arroz cultivado por inundação no Estado.

De acordo com a publicação, o cultivo de arroz irrigado por inundação constitui uma das fontes antrópicas de metano, o 2º composto de carbono mais abundante na atmosfera depois do CO2 (gás carbônico) com um potencial de aquecimento global 28 vezes maior que o do CO2 para um horizonte de 100 anos. Segundo o estudo do IPCC de 2006, a decomposição anaeróbia de material orgânico em campos de arroz inundado produz metano, que escapa para a atmosfera principalmente através de transporte mediado por plantas de arroz.

Segundo Magda, este documento indica uma redução nos valores estimados de emissões de metano com a aplicação de método mais recente de estimativa como recomendado pelo IPCC, mesmo considerando uma redução real da área cultivada, e com a utilização de dados mais precisos sobre o cultivo de arroz irrigado no Estado de São Paulo.

"A realização de estimativas em nível estadual e municipal, utilizando bases de dados mais detalhadas, quando disponíveis, acrescenta uma melhor acurácia nas estimativas, e pode contribuir para o aprimoramento de inventários nacionais", explica ela.

A publicação está disponível para download gratuito na página da Embrapa Meio Ambiente.

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