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Quais são as perspectivas para o café

Se o clima não atrapalhar, é possível que a maior produção deste ano pode pesar sobre os preços mais adiante, sobretudo se a visão de produção para 2023 continuar positiva


Foto: Sheila Flores

Os modelos climáticos têm apontado chuvas leves em algumas áreas de café nos próximos dias, o que pode atrapalhar os trabalhos de colheita onde já começou. O esperado declínio das temperaturas ao longo da semana que vem (15/mai a 21/mai), preocupa especialmente o Sul de Minas mas outras regiões também estão sob atenção sendo importante acompanhar as próximas rodadas das previsões de geadas no início da semana.

Para a safra brasileira 2022/23, que está iniciando, nossa expectativa é de uma produção um pouco maior neste ano (62 milhões de sacas, sendo 40 milhões de sacas de arábica), o que é aquém do potencial mas melhor que os 35 milhões de sacas colhidas no último ano, segundo os números do USDA para 2021/22. O Departamento Americano deve divulgar nos próximos dias sua primeira estimativa para 2022/23 e a Conab também atualizará seus números na próxima semana. 

Se o clima não atrapalhar, é possível que a maior produção deste ano pode pesar sobre os preços mais adiante, sobretudo se a visão de produção para 2023 continuar positiva.

Entretanto, pouco volume de arábica deve estar disponível nos próximos dois meses, o que tende a sustentar os preços no curto prazo, já que os estoques nos países consumidores não devem mostrar elevação significativa por enquanto. Neste período, o mercado tende a ficar sensível às condições climáticas, seja pela possibilidade de chuvas na colheita mas, principalmente atento às ondas de frio, o que normalmente eleva a volatilidade e abre espaço para elevações de preços.

Veja os acontecimentos recentes

O café arábica em NY perdeu 10,7% entre o início de abril e 10/mai, com o vencimento maio se aproximando dos USD 2,1/lp nos últimos dias. Em grande
medida o movimento compensou a alta do dólar frente ao real, que foi de 10,2% no mesmo período. Com isso, os preços ao produtor brasileiro de arábica pouco se alteraram (-1,1%) seguindo na faixa de R$ 1270/saca, sem muito interesse partes compradora e vendedora.

Porém, o câmbio não evitou a queda do café conilon, da ordem de 5,5% no período, com o mercado do robusta em Londres também cedendo 6,5%, de modo que o produto no Brasil é negociado próximo de R$ 760/sc nos últimos dias, com a colheita em andamento. Porém, o mercado reagiu nesta semana em função da expectativa de queda brusca das temperaturas no país nos próximos dias, trazendo risco de geadas nas áreas de café, o que é importante de ser acompanhado.

As exportações de café em abril somaram 2,8 milhões de sacas, segundo os dados do Cecafé, 24% abaixo do mesmo mês do ano passado. Já no acumulado da safra 2021/22 (jul-abr) os embarques acumularam 33,2 milhões de sacas,17% inferiores ao ciclo anterior.

Com relação aos estoques, os certificados em NY têm se sustentado ao redor de 1,1 milhão de sacas desde meados de março. Já os dados da Associação de Café Verde dos EUA, nos portos americanos, referentes a março, mostram aumento de 55 mil sacas frente ao mês anterior, para 5,82 milhões de sacas, sendo a primeira elevação desde agosto do ano passado. No Japão também houve alta em março, para 3 milhões de sacas, o que é o maior nível desde jan/20.

Relatório Agro Mensal Itaú BBA.

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