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Quebra da produção de arábica será grande

Brasil terá dois anos seguidos de quebra severa da produção de café


Foto: Pixabay

O mercado de café teve mais uma semana de forte alta. Os contratos de café na ICE Futures US continuaram subindo com rapidez, refletindo a quebra da safra brasileira de café arábica deste ano e do próximo ano. Todas as semanas chegam ao mercado mais informações, depoimentos e vídeos que não deixam dúvidas sobre a extensão dos estragos em nossos cafezais com a longa seca e as três frentes frias de julho último. As chuvas chegaram ao sudeste brasileiro no início de outubro, em bons volumes, as floradas abriram mas boa parte da florada não vingou.

Não é possível ainda falar em números, mas cafeicultores e agrônomos não têm mais dúvidas de que a quebra da produção de arábica em 2022 será grande. A safra deste ano, de ciclo baixo, já foi colhida e a produção foi bem menor do que o estimado um ano atrás. Agora, com a certeza de que a safra brasileira de 2022, que seria de ciclo alto, também será significativamente menor, as cotações reagem forte, semana após semana.

Esse quadro é bem mais sério que em quebras anteriores pelo fato de, pela primeira vez, o país enfrentar uma quebra forte na safra de café não tendo estoques governamentais para amainar a situação. O Brasil, maior produtor, maior exportador, e segundo maior consumidor de café do mundo, apresentará dois anos seguidos de quebra severa da produção de café, em um cenário de problemas climáticos globais. Isso se as condições climáticas normalizarem daqui para frente, evitando um terceiro ano de quebra, em 2023.

Em crises anteriores, quando havia problemas na nossa produção, os concorrentes brasileiros ganhavam com isso. Os preços subiam, e eles, com a produção intacta, forneciam, a preços mais altos, parte do café normalmente exportado por nós. O que eles não conseguiam substituir era coberto pela entrada no mercado de cafés dos estoques governamentais do Brasil.

Desta vez, com a crise climática global, os principais concorrentes também estão com problemas na produção de café. Para turvar mais ainda o cenário, temos o caos logístico internacional e baixos estoques nos países consumidores. Tudo converge para um cenário nunca vivido por todos os atores que participam atualmente da produção e do comércio internacional do café.

Esta semana, os contratos de café na ICE Futures US em Nova Iorque continuaram o movimento de alta. Oscilaram forte todos os dias. Os contratos para março próximo fecharam, na última sexta-feira (26), em queda de 245 pontos. No balanço da semana subiram 955 pontos e encerraram a semana valendo US$ 2,4295 por libra peso. Na semana passada, esses contratos subiram 1.145 pontos e, na anterior, 1.555 pontos.

Os cafeicultores também estão assustados com a forte alta nos preços dos insumos. Fertilizantes e defensivos subiram mais que as cotações do café e o volume ofertado no mercado está abaixo das necessidades da cafeicultura brasileira. Além disso, subiram os combustíveis, a energia elétrica, peças e equipamentos. Com a inflação, os serviços para a colheita de 2022 ficarão mais caros.

A cada semana que passa, apontam para um déficit maior na oferta de café arábica verde. Continua pequena a oferta de lotes de café arábica destinados ao consumo interno brasileiro. O mercado físico brasileiro do conilon está firme, comprador. Até dia 26, os embarques de novembro estavam em 1.548.967 sacas de café arábica, 129.095 sacas de café conilon, mais 202.337 sacas de café solúvel, totalizando 1.880.399 sacas embarcadas, contra 2.225.289 sacas no mesmo dia de outubro. Até o mesmo dia 19, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em novembro totalizavam 2.754.022 sacas, contra 2.715.272 sacas no mesmo dia do mês anterior.

* Boletim Carvalhaes

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