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Quebra de contrato afetará venda de soja em Goiás


Caso os produtores goianos de soja levem em frente a manifesta intenção de questionar na Justiça os contratos de venda antecipada de soja, as repercussões negativas já devem ser sentidas na próxima safra. A opinião é do presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag) e da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Carlo Lovatelli, que em entrevista ao POPULAR, lamentou que a iniciativa de alguns produtores coloque em risco os interesses de todo o segmento, com a quebra da relação de confiança que sedimentam as relações de mercado.

O presidente da Abag/Abiove diz não ter dúvida de que as empresas recuarão nas aquisições antecipadas de soja se prosperar o questionamento judicial dos contratos. “Isso é muito grave, pois quebra todo um código de ética que há muito tempo vínhamos construindo cuidadosamente, baseado no fiel cumprimento das obrigações mutuamente assumidas”, diz o empresário, que prevê a desorganização do setor. “O complexo soja se destaca dos demais exatamente por tratar-se de um segmento organizado, com sistema próprio de financiamento através da comercialização antecipada e com elevado nível de profissionalização do mercado, onde cada parte sabe a dimensão do seu risco”, pondera o presidente da Abag/Abiove.

Justiça

Embora prefira não entrar no mérito da questão, justificando que não é sua área, Carlo Lovatelli até admite que num primeiro momento os produtores podem até conseguir algumas liminares, mas argumenta que é um ganho questionável, se comparado com as perdas do setor, que ficará sem o crédito privado para o financiamento das futuras safras. “Hoje é muito pequena a parcela de soja produzida com financiamentos públicos, mas podemos voltar tudo à estaca zero pela atitude imponderada de alguns produtores”, diz Carlo Lovatelli.

O presidente da Abag/Abiove considera importante o trabalho que as lideranças vêm desenvolvendo para esclarecer os produtores goianos sobre seus direitos e deveres, bem como sobre a importância dos contratos de venda antecipada como mecanismo de financiamento da produção. Segundo ele, isso dá ao produtor uma visão mais ampla da questão, evitando que se deixe emular pela simples argumentação jurídica de advogados. Para Carlo Lovatelli, o advogado está no seu papel de abrir mercado de trabalho, mas o produtor deve refletir sobre os seus interesses a médio e longo prazo.

Carlo Lovatelli destaca a postura adotada pela Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul), que chegou a emitir nota de esclarecimento para firmar sua posição em defesa do estrito cumprimento dos contratos de venda antecipada de soja. Diz o documento que esse mecanismo é um importante instrumento de trabalho do agricultores e que toda relação comercial saudável é baseada na credibilidade. “Assim sendo, a efetivação da quebra de compromissos trará significativos danos econômicos, sociais e éticos aos nossos produtores, prejudicando-os na obtenção de futuros negócios”, diz o documento.

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