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Quebra de safra e estoques menores mantêm preços do arroz na entressafra

Fevereiro registra preços médios do arroz em casca 0,9% mais altos


Em fevereiro os preços médios do arroz em casca estão 0,9% mais altos, segundo o Cepea/Esalq. Conab divulga projeção de safra ainda menor que a de janeiro, e de estoques também reduzidos, e isso mantêm os preços referenciais com leve valorização

Com as primeiras colheitadeiras já entrando em campos de arroz da Fronteira-Oeste gaúcha para a colheita 2011/12, os preços ao produtor se mantêm sustentados acima dos R$ 27,00 nos últimos dias em razão das notícias das últimas semanas que indicaram uma exportação ainda maior, importações menores, estoque de passagem muito ajustado e uma redução ainda maior na produção de arroz do Brasil. Apesar da queda dos preços internacionais, o cenário é de manutenção desta tendência de valorização interna até o final de fevereiro.


Já nos próximos dias 23, 24 e 25 haverá a 22ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, em Restinga Seca (RS), quando são esperados anúncios de mecanismos de comercialização da Conab. O governo federal já sinaliza que não dará a mesma dimensão de apoio ao arroz em 2012, mas algumas medidas como Pepro, Contratos de Opção, EGFs e AGFs já devem estar no rol dos anúncios. O PEP também, mas em volumes bem menores do que em 2010/11.

Segundo o Indicador Esalq/BM&FBovespa as cotações do arroz que indicavam em 31 de dezembro R$ 25,73, portanto abaixo dos R$ 25,80 do preço mínimo de garantia indicado pelo governo federal, alcançaram o preço de R$ 27,06 no término de janeiro. Em fevereiro, até o dia 10, a valorização foi mantida, com a média referencial para a saca de 50 quilos de arroz em casca (58x10), colocada na indústria, em R$ 27,30. As notícias de quebra ainda maior, pela interferência do clima, nas safras do Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina, bem como uma queda acentuada nas áreas de arroz de terras altas do Brasil, dão esta sustentação aos indicadores internos.

De uma maneira geral, os preços médios de comercialização no Rio Grande do Sul, ao produtor, ficaram entre R$ 25,50 e R$ 26,50 na maioria das praças, mas com valor líquido na faixa de R$ 24,50 a R$ 25,00. A região de Itaqui parece um pouco mais resistente (ou com estoques privados maiores) e mantém cotações um pouco mais baixas ao produtor. No Litoral Norte, as variedades nobres são cotadas entre R$ 29,00 e R$ 31,00. A movimentação é fraca, com boa parte das indústrias aguardando a entrada da safra nova, sem necessidade de ir ao mercado de forma mais consistente, o que resultaria em aumento dos valores pagos.

O movimento de compra é maior entre médias e pequenas indústrias. As grandes, além dos estoques garantidos, já negociam a entrada de arroz novo, com algumas já recebem os primeiros caminhões desta safra, volume que deve ser ampliado consideravelmente a cada semana, a partir de agora. A tendência, segundo os analistas, é de um mercado firme por mais uma ou duas semanas, e indicando baixa moderada à medida que avançar a safra e forem divulgadas novas informações a respeito das quebras na colheita. Como houve uma pequena melhora nas condições climáticas das regiões produtoras, fica a expectativa para os resultados da safra.

SAFRA

Como dissemos anteriormente, a safra brasileira deve ser menor do que vinha prevendo a Conab e mesmo os organismos estaduais. O quinto Levantamento da Safra de Grãos 2011/12, da Conab, realizado na última quinta-feira (08/2) apresentou números que alteraram significativamente o balanço de oferta e demanda brasileiro e os indicadores da safra de arroz. A estiagem no Sul do Brasil é apontada como a principal causa desta redução. Desta forma, a Conab aponta uma safra nacional de 11,17 milhões de toneladas, o que corresponde a uma queda de 17,9% sobre os 13,61 milhões de toneladas colhidos em 2011.

Só no Rio Grande do Sul, entra os levantamentos de janeiro e fevereiro, a redução beira as 330 mil toneladas. No Brasil, são cerca de 300 mil toneladas a menos, pois houve evolução positiva em alguns estados brasileiros entre os levantamentos. Vale lembrar que alguns estados formam suas lavouras a partir de janeiro.


Esta redução ocorrerá por uma redução de 9,1% da área, que ficará em 2,56 milhões de hectares e também pela redução da tecnologia empregada pelos produtores, que afetará negativamente em 9,7% o rendimento por área. Assim, a produtividade média brasileira não deve passar de 4.359 quilos por hectare.

Os novos números afetaram o balanço de oferta e demanda, com a Conab ajustando as exportações para 2,05 milhões de toneladas (embora na realidade devam superar este número) e estima em 1.598,9 o estoque de passagem em 29 de fevereiro. É o menor em cinco anos. Para 28 de fevereiro de 2013, no entanto, a Conab espera um estoque ainda mais apertado, em 1,07 milhão de toneladas. Os números finais, no entanto, suscitam discussões e, principalmente, desconfiança dos analistas de mercado. Pelos cálculos da Conab, em fevereiro de 2012, o Brasil teria menos de 100 mil toneladas de arroz nas mãos da indústria, do produtor e do mercado privado. Ou seja, cerca de 3 dias de abastecimento nacional, pois quase 1,5 milhão formam os estoques públicos.

EXPORTAÇÃO

Na última sexta-feira, dia 9/2, o MDIC divulgou o relatório de exportações e importações de arroz do Brasil. Segundo análise da Agrotendências Consultoria em Agronegócios (www.agrotendencias.com.br), do consultor Tiago Sarmento Barata, foram exportadas 224,5 mil toneladas de arroz (base casca) em janeiro, contra a importação de apenas 45,8 mil toneladas, com sobra positiva de 178,7 mil toneladas. E mais de 67% é de arroz beneficiado. O Iraque, tradicional parceiro dos vizinhos do Mercosul, adquiriu no Brasil quase 37 mil toneladas.

Segundo Sarmento Barata, o volume exportado alcançou está em 1,99 milhão de toneladas, superando em 11 meses, em mais de 200% as exportações do ciclo 2010/11. A Nigéria foi o principal comprador.

Em contrapartida, o Brasil importou cerca de 760 mil toneladas nestes 11 meses e deve totalizar algo em torno de 830 mil, segundo os analistas, pouco abaixo do estimado pela Conab. A Argentina é o maior fornecedor de arroz para o Breasil, com 340 mil/t, desbancando o Uruguai que busca novos e remuneradores mercados, consciente de que forçar a entrada de excesso de arroz no Brasil afeta seus preços negativamente.

MERCADO

A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços referenciais de R$ 27,00 para o arroz em casca, no Rio Grande do Sul, e de R$ 55,00 para o arroz beneficiado (60kg/Tipo 1). Informa a estabilidade de preços, em R$ 34,00 para o canjicão (60kg), e de R$ 31,80 para a quirera (60kg). O farelo de arroz desvalorizou 3,3% para R$ 290,00 (tonelada Fob/RS) nos últimos 15 dias.

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