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Queda de 50% na safra de trigo pesa no bolso do brasileiro

Os alimentos feitos com o grão estão mais caros em novembro e a tendência é que os preços continuem subindo


Os problemas enfrentados pelos produtores de trigo ao longo do ano começam a chegar à mesa do brasileiro. Os alimentos feitos com o grão estão mais caros em novembro e a tendência é que os preços continuem subindo. A queda de 50% na produção de trigo deste ano terá efeitos até a próxima safra, que só será plantada a partir de abril. A quantidade produzida no país não conseguirá suprir nem um quarto da demanda interna. Com crise de produção e preços altos também no mercado internacional, só resta ao brasileiro pagar mais caro por tudo o que levar trigo. Nesta lista encontram-se pães, macarrão, massas em geral, biscoitos e farinha de trigo.

Segundo números da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o aumento de preços das massas e farinhas em novembro — levantamento parcial — foi de 0,36% contra -0,07% em outubro. No mesmo período os panificados e biscoitos ficaram 0,13% mais caros, contra -0,07% no mês passado. Os dados foram retirados do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) para o Correio. "A tendência é que no fechamento do mês de novembro as taxas fiquem ainda mais altas", analisa o coordenador do IPC-S, André Braz.

Os aumentos estão sendo repassados aos poucos e de forma diferenciada de acordo com a contabilidade de cada empresário, segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria da Panificação e Confeitaria (Abip), Alexandre Pereira. "Não estão havendo aumentos lineares, cada um vai elevar o preço conforme sua necessidade. Os empresários não podem aumentar muito também ou as pessoas param de consumir", afirma. De acordo com ele a alta da farinha de trigo vem sendo observada nos últimos dois meses. O saco de 50 quilos do produto hoje custa entre R$ 50 e R$ 70, 25% mais que no início do ano.

Pelos números da FGV, a inflação do produto passou de 0,55% em outubro para 2,08% em novembro. O reflexo nos pães também foi verificado. O francês, que em outubro não teve variação de preço em relação a setembro, neste mês ficou 0,40% mais caro. O de fôrma, que já acumulava uma alta de 1,16% ficou ainda mais dispendioso. A inflação neste mês está acumulada em 1,64%. Os outros pães, que vinham registrando redução de preços, começaram a ficar mais caros — o reajuste passou de -0,37% para 0,13% de um mês para outro.

O repasse dos custos foi avisado pelos fabricantes há algumas semanas. A Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias (Abima) divulgou uma nota em que previa um aumento de até 10% no macarrão. Nos números da FGV, no entanto, o incremento ainda não foi captado. O que não descarta que ele seja praticado nos próximos dias, alerta Braz.

Trigo

A redução na produção do grão tem três causas: a redução de 26% da área plantada em função dos preços pouco atrativos para plantio no início do ano; a estiagem no início do plantio, entre abril e junho; e as geadas na época da colheita. Com uma produção de 2,4 milhões de toneladas, os produtores brasileiros não estão conseguindo suprir nem um quarto da demanda prevista para o ano, de 10,4 bilhões de toneladas. Pelo menos 7,7 milhões de toneladas terão que ser importadas para abastecer o mercado interno.

O problema é que a crise de produção também afetou outros países, elevando o preço internacional. O valor da tonelada de trigo vendida pelo produtor saltou de R$ 285 em novembro do ano passado para R$ 460 neste mês, segundo Gustavo Bracale, analista de mercado da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

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