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Queda do consumo afeta indústria do suco de laranja

O mercado de suco de laranja não anda dos melhores para indústrias


O mercado de suco de laranja não anda dos melhores para indústrias. Desde o início deste mês, as cotações da commodity na CME Futures (antiga Bolsa de Nova York) recuaram 9%, fechando ontem em 96,35 centavos de dólar por libra-peso. Em doze meses, a queda acumula 26%. Por outro lado, o consumo continua menor com a concorrência de sucos de outros sabores e prontos. Pesquisa da Nielsen aponta que, no Brasil, o consumo de todos os sucos concentrados caiu 3,9%, apesar de o preço ter recuado 9% ao consumidor na gôndola. "O público busca praticidade", explica Juliana Carnicelli, coordenadora de consultoria analítica da empresa.

Em nível mundial, não existem dados oficiais de que o consumo está caindo, sobretudo influenciado pela crise financeira global, segundo Ademerval Garcia, presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos (Abecitrus). "Mas pode ser que isso vá ocorrer, não só com o suco mas com outros produtos de consumo", acrescenta.

A perda de mercado do suco de laranja não é algo recente, mas começou há cerca de dois anos quando as cotações da commodity superaram 200 centavos de dólar por libra-peso no mercado internacional - atualmente está no patamar de 96 centavos de dólar por libra-peso.

O receio daqui em diante é que o consumo mundial não reaja, mesmo com os preços menores ao consumidor, conforme alerta Henrique de Freitas, diretor de Citros da LD Commodities. "A safra brasileira atual já está 15% menor, e no dia 10 de outubro o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) divulgará o tamanho da produção da Flórida. Nos restará saber como o consumo vai reagir com esses preços mais baixos", pondera Freitas.

Em resposta a mudanças nos padrões de consumo de sucos, a divisão de Citros da empresa - que atua com outros sabores, além de laranja - recebeu este ano investimentos no Brasil de R$ 550 milhões em logística, capacidade industrial e ampliação de pomares para entrar no segmento de suco integral pasteurizado (NFC, na sigla em inglês), produto cujo consumo cresce 35% ao ano. "Mas, com os altos custos logísticos do suco não-concentrado e com os investimentos, a rentabilidade fica empatada com a do suco de laranja concentrado", avalia Freitas. Também em resposta à diversificação do mercado de sucos, a LD Commodities dará início à comercialização de suco de maçã da China para a Europa.

Se persistirem os preços mais baixos do suco de laranja, pode ser que indústria e o produtor no Brasil tenham dificuldade em fechar as contas. "Nessa época do ano os preços internacionais ficam muito suscetíveis à temporada dos furacões na Flórida. Da parte dos fundamentos, o importante é saber dos estoques entre os compradores, sobretudo nos Estados Unidos e na Europa", avalia Maurício Mendes, presidente da Agra-FNP e consultor do GConci (Grupo de Consultores em Citros). Há dois meses, segundo ele, os estoques nos Estados Unidos estavam 60% maiores do que em igual período do ano passado. "E é possível que a crise no mercado financeiro resulte em um ritmo mais lento de desova desses estoques", afirma Mendes.

De janeiro a agosto deste ano, a receita com exportações de suco de laranja caiu 14,8% para US$ 1,311 milhões, ante os US$ 1,54 milhões de igual período do ano passado, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Em volume, a queda dos embarques foi de 1,8%.

Mercados

Mas haverá compensação com o crescimento de consumo nos mercados emergentes, como a China, que desde 1999, vem ampliando suas importações de suco do Brasil, segundo Garcia. "Os mercados mais desenvolvidos consomem o suco não-concentrado, cuja base de preparação é o concentrado. E mesmo os sucos de outras frutas também usam o suco de laranja como base", avalia Garcia. Ele concorda que muitas mudanças estão ocorrendo nos padrões de consumo de sucos. "E estamos atentos a esse movimento porque eles é que vão determinar o futuro do processamento", complementa.

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