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Queda na produção faz preço do feijão ‘decolar’

Mesmo com custos elevados, as vendas do feijão não costumam registrar queda


Devido a queda na produção e problemas climáticos o preço do feijão volta a subir em Campo Mourão/PR. Em uma semana o alimento teve alta de mais de 60% em alguns supermercados. Economistas acreditam que o produto deve voltar à casa dos R$ 5,00 em breve. As donas de casa reclamam e quem apostou na cultura comemora apesar das perdas com a seca e com vários anos sem encontrar comprador.

Por enquanto, o pacote de um quilo de feijão pode ser encontrado por R$ 4,00. Na quinta-feira passada o mesmo pacote no mesmo local era comercializado a R$ 2,50. O produto, que é indispensável para muitos brasileiros, deve pesar no orçamento da dona de casa Romalina Pereira, 66 anos. “Cheguei ao supermercado e levei um susto, esse aumento me pegou de surpresa”, comenta.

Mesmo com custos elevados, as vendas do feijão não costumam registrar queda. Para combater o reajuste, sem tirar o produto da mesa, especialistas recomendam que consumidores variem o tipo do grão a ser consumido. Entre os mais recomendados estão o feijão carioca escuro e o preto que são, em média, 25% mais baratos que o convencional. Essa deve ser a escolha de Romalina. “Acho que vou levar o preto mesmo, aproveitar que está mais barato por enquanto”, confirma.

Produtor

Entre os motivos para a queda do produto está a queda na safra. Nos municípios atendidos pelo Núcleo Regional de Campo Mourão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab) a queda foi de quase dois mil hectares. “Na safra de inverno deste ano foram plantados 5.535 hectares, no ano anterior haviam sido 7.269 hectares. A safra de inverno que começou a ser plantada agora é estimada em 4 mil hectares, mas pouco já foi plantado justamente pela seca”, explica o economista do Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab, Anderson dos Santos.

Segundo ele, nos últimos dias o preço pago ao produtor teve alta, que foi acompanhada pela elevação dos preços nos supermercados. A baixa comercialização nos anos anteriores é apontada como o principal fator que desestimulou os produtores. O produtor rural e vereador Isidoro Moraes é um dos que desistiram da cultura. “A área plantada caiu e espero que ninguém mais plante. Na região de Campo Mourão falta comercialização, incentivo e também assistência técnica”, reclama. Moraes comenta que o pequeno produtor estará cada vez menos investindo na cultura. “Dizem que o pequeno tem de diversificar, mas a gente não tem comércio. Uma vez disse que em 10 anos não teria um único produtor de feijão em Campo Mourão, mas acho que vai ser menos e com isso quem sofre é mesmo a população que vai aos mercados e encontra o produto com o preço nas alturas”, completa.

Além da falta do produto, a seca forte registrada este ano também tem atrapalhado os agricultores. “A seca é um fator que está afetando bastante o plantio. Agora mesmo já era para a área plantada da safra de verão ser maior, mas os produtores precisam da chuva que está demorando para vir”, alerta Santos. O Paraná é um dos principais produtores, mas a região de Campo Mourão não tem muita tradição, as cidades de Roncador, Mamborê e Barbosa Ferraz são os que mais plantam a cultura.

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