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Queda na produtividade do tabaco indica melhora do preço

Redução na produtividade se deve a condições climáticas


Mesmo com a comercialização do tabaco da safra 2017/2018 em fase inicial, a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) prevê uma tendência de redução na produtividade no Sul do Brasil, estimada, até o último sábado, em 7% em relação ao ciclo anterior. Como o movimento de vendas,  base para a pesquisa, ainda é pequeno, o gerente técnico da Afubra, Paulo Vicente Ogliari, explica que o percentual de queda ainda deve variar. Até o dia 17 deste mês, nos três estados do Sul, apenas 7% da atual safra foi negociada. A boa notícia é que, com a tendência de queda na produção, há a perspectiva de aumento no preço pago aos agricultores.

A redução na produtividade se deve a condições climáticas adversas, como o vendaval ocorrido em outubro na região do Vale do Rio Pardo e a estiagem registrada no Sul do Rio Grande do Sul. A chuva dos dias 10 e 11 deste mês amenizou um pouco a situação. A variação dos preços dos poucos volumes comercializados na safra atual teve acréscimo de 5% em relação ao ciclo passado. A previsão inicial da Afubra é de uma produção total de 685 mil toneladas de tabaco nesse ciclo na região Sul do Brasil, sem considerar a estimativa de queda na produtividade.

A colheita já abrange 82% das lavouras de tabaco do sul brasileiro. No Vale do Rio Pardo (RS) e no litoral de Santa Catarina está concluída. No Planalto norte catarinense, 85% da área plantada já foi colhida e os produtores estão acelerando a coleta para evitar que o sol intenso queime as folhas que ainda estão nas lavouras. Já na região Sul do Rio Grande do Sul, onde o plantio acontece mais tarde, ainda falta colher 35% da produção na microrregião de Canguçu, 30% na de São Lourenço do Sul e 15% na de Camaquã.

Segundo Paulo Ogliari, o indicativo é de que a produtividade deverá ser mais alta entre o norte de Santa Catarina e o sul do Paraná, onde as condições climátidas foram melhores. “Os produtores dessa área atrasaram o plantio devido às chuvas, mas depois as precipitações foram mais equilibradas.” Ogliari diz que, passado o Carnaval, em Santa Cruz do Sul todas as empresas fumageiras iniciaram as compras e devem intensificá-las nos próximos dias.

Produtor quer compensar as perdas na venda

O produtor Julci Kaufmann, 46 anos, e sua esposa Rosângela, 35, residentes em Rincão Del Rey, Rio Pardo, estão entre os agricultores que tiveram a produção almejada para a safra 2017/2018 frustrada pelo clima. Há 15 anos no cultivo de tabaco, o casal plantou 80 mil pés em julho de 2017 esperando colher 800 arrobas. Mas em 1º de outubro houve queda de granizo e a lavoura foi arrasada. Dessa plantação, 15 mil pés se desenvolveram novamente e geraram 70 arrobas, as quais já foram colhidas e estão sendo classificadas.

A intenção de Kaufmann é vender as 70 arrobas só em junho deste ano, quando haverá menos tabaco para comercialização, na tentativa de obter bom preço. “Se vender agora, não consigo nem R$ 100,00 pela arroba”, comentou.

Devido à perda com o granizo, em outubro do ano passado o casal plantou outros 20 mil pés de tabaco que ainda não foram recolhidos. Se tivesse “chovido bem”, colheria 200 arrobas dessa lavoura tardia. Mas as precipitações têm sido poucas e a produção deve cair para 150 arrobas. Além disso, a qualidade é afetada pelo sol forte.

A produção da lavoura tardia também será deixada para venda em junho, visando preço melhor. Para pagar os insumos e financiamentos, o casal espera o pagamento do seguro pela perda causada pelo granizo. Na safra 2016/2017, os Kaufmann plantaram 80 mil pés, o clima colaborou e eles colheram 800 arrobas. “Mas a venda não foi  muito boa, porque o preço foi baixo, numa média de R$ 120,00 por arroba”, diz ele. O cultivo de tabaco é a principal renda do casal.

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