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Queda nas cotações acentua gargalos do agronegócio

Falta de infra-estrutura e defesa sanitária estão entre os problemas que podem afetar expansão acelerada do setor


O avanço acelerado do agronegócio nos últimos anos, sem contar com os investimentos públicos necessários para garantir um crescimento sustentável, pode trazer consequências preocupantes para o País no médio e longo prazos. Esta é a opinião do economista Fábio Silveira. Ele observa que o ciclo de alta de preços das commodities já chegou ao fim e um movimento de baixa é o que deverá ser observado nos próximos anos. "É por esse motivo que precisamos buscar soluções de redução de custos, que vão se impor com uma necessidade maior do que se impôs até agora", afirma Silveira.

Na avaliação do economista, os problemas estruturais do agronegócio se tornam menores quando o setor vai bem, como no cenário atual, mas se transformam em um assunto incômodo quando a fase de preços baixos e necessidade de redução de custos voltam a ser uma realidade. "Agora seria o momento ideal para se investir", afirma o consultor.

Infra-estrutura e sanidade

Amaryllis Romano, da Tendências Consultoria, lembra que a liberação dos recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) seguem em câmera lenta e até podem registrar um aumento com a aproximação das eleições mas ainda é pouco. "Infra-estrutura e sanidade são questões importantes e urgentes para serem resolvidas no curto prazo para o bom funcionamento do agribusiness brasileiro", afirma.

Infra-estrutura e logística acabam sendo um elemento importante para todo o agronegócio, desde a oferta de insumos até o embarque das commodities no porto.

Para o vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola (Sindag), José Roberto Da Ros, a dependência do mercado externo para fornecimento de matéria-prima, a burocracia enfrentada nos portos brasileiros e o transporte dos defensivos, considerados cargas perigosas, são os principais gargalos do setor.

Da Ros explica que a indústria trabalha com um cronograma "just in time", o que significa manter a oferta necessária para atender à demanda agrícola. "Se houver algum problema na importação ou atraso nos portos por problemas burocráticos, afeta diretamente a oferta de defensivos no mercado interno".

Estradas precárias

No caso do transporte da soja, estradas precárias acabam elevando o custo do produto e uma redução da competitividade de regiões como o Centro-Oeste, muito longe dos portos e onde a produção está concentrada. No Mato Grosso, que concentra um terço da safra nacional, apenas custo de transporte da soja chega a representar até 22% do preço de exportação no porto de Paranaguá, de acordo com o diretor-executivo da Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja), Marcelo Duarte Monteiro.

Ele estima em cerca de US$ 118 o custo de transporte a partir de Sorriso, no médio norte mato-grossense, e US$ 97 por tonelada a partir de Rondonópolis, no sul. O preço da soja para exportação no porto de Paranaguá está hoje em US$ 520/t.

Esperança para a melhoria das estradas da região, as obras previstas no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), ou não foram iniciadas, ou estão em estágio muito inicial. Monteiro lembrou que outras obras necessárias para facilitar o escoamento das mais de 20 milhões de toneladas de soja produzidas no Estado, ainda não saíram do papel, como a construção do trecho entre Alto Araguaia e Rondonópolis da Ferronorte, no sul mato-grossense.

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