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Queda no milho verão 2018 pode puxar preço do trigo

Consultoria Trigo & Farinhas lembra movimento ocorrido em 2016


Na avaliação da Consultoria Trigo & Farinhas, a queda na produção de milho “verão” em 2018 poderá impulsionar os preços do trigo. “Ainda está bem viva em nossa mente a alta ocorrida em 2016, quando a falta de milho puxou muito os preços do trigo, levando-o para médias de R$ 900/tonelada e chegando ao pico de R$ 970/tonelada”, comenta o analista da T&F Luiz Fernando Pacheco. 

De acordo com ele, há quatro fatores que poderão afetar o mercado de milho no primeiro semestre de 2018. O primeiro tem a ver com a última estimativa oficial da Secretaria da Agricultura do Paraná, que ainda parcial, mas aponta uma redução de 33%, ou queda de 4,38 milhões de toneladas na oferta da safra de verão de 2017/2018. 

A redução já começou no plantio da safrinha: “Só plantou milho quem precisava para o gado leiteiro e para suínos. Acho que, da área total, estimo em 5% a 8% a área de plantio de milho nessa primeira safra. Ano passado, era 15%, aproximadamente”, afirma Luiz Pedro, engenheiro agrônomo e consultor agrícola.

O segundo fator é a falta de lucratividade, que deverá levar os agricultores a utilizar menos tecnologia, afetando diretamente a produtividade. Preços baixos, inferiores aos custos de produção ocorrem em vários estados brasileiros, de modo que se pode esperar que o fenômeno seja generalizado em todo o país na safra de verão do milho.

Em terceiro lugar, a exportação de milho brasileiro neste segundo semestre está muito elevada, o que significa que o Brasil está reduzindo as suas disponibilidades para o próximo semestre. Os dados oficiais da Conab apontam exportação de 30 milhões de toneladas. Já o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) fala em 35 milhões de toneladas. 

“Se efetivamente for embarcado este volume (os preços de exportação estão baixos) é possível que os estoques de 19 milhões sejam absorvidos mais rapidamente, diante da redução do plantio de verão”, comenta Pacheco. 

O quarto fator, e lado negativo disto tudo, é uma possível importação de milho argentino, que chegaria aos consumidores do RS, SC e PR por volta de R$ 610/tonelada ou R$ 37/saca. Hoje o prêmio de exportação na Argentina está em +35 sobre a cotação de maio em Chicago, que fechou em $3,6725/bushel, enquanto as demais despesas são iguais ao trigo, contra preços de R$ 31,00 pagos hoje no mercado de lotes do RS e R$ 29,00 no mercado de lotes do Paraná.

"A conclusão, portanto, é de que, no primeiro semestre de 2018 poderá faltar trigo e milho o que poderá ser um fator que impulsione os preços de ambos para cima, como aconteceu na temporada 2015/16. Até onde o milho poderá elevar os preços do trigo, não sabemos ainda. Por enquanto o que se sabe é que os trigos importados custarão algo ao redor de R$ 750,00/t, então é possível que seja algo um pouco acima disto (mas não muito)", conclui o analista da T&F.

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